domingo, 25 de novembro de 2018

Refletindo sobre a sexualidade infantil...

https://danielajspaixao.blogspot.com/2015/11/a-sexualidade-das-criancas-e-um-tema.html

Coloco em destaque a postagem acima, porque além de considerar a sua escrita coerente, esse é um debate que está mais atual do que nunca, devido a aparente opinião pública, impregnada de máximas religiosas, em se tratando do elucidar desse assunto dentro das escolas.
É possível, que a sexualidade das crianças não tenha ganho antes tamanha repercussão, pelo menos no Brasil, como agora. Chego a pensar que, até bem pouco tempo atrás, essa não era a preocupação mais predominante, observado que faz somente 12 anos que os canais de tv brasileiros passaram por adequações nos horários das transmissões,  incluindo a faixa de classificação etária exibida na programação. Até então, programações de cunho sexual eram exibidas normalmente, sem nenhum constrangimento, a qualquer horário, e o que é pior, também podia-se perceber esse teor inclusive em programas classificados como infantis.
No entanto, se por um lado temos hoje uma espécie de censura nas exibições televisivas, o mesmo  critério, por questões obvias, não pode acontecer com a internet ou com a música, pois nesse caso cabe aos responsáveis das crianças fazer a distinção do que é adequado para elas.
Acontece porém, que os mesmos que condenam a teorização da sexualidade infantil, ou que esse assunto, que chega de maneira muitas vezes inadequada a escola, lá seja tratado de forma naturalizada e responsável, permitem ao mesmo tempo, que as crianças e jovens tenham acesso a conteúdos inapropriados, incluindo o uso de roupas ou acessórios do mundo adulto.
Visto, que mesmo na educação infantil o uso de tinturas no cabelo e de maquiagens por parte das crianças é frequente, inclusive a cantoria de refrões apelativos ou o emprego de palavrões, o que não é de agora. 
Entretanto, os professores são obrigados a lidar com essas situações cotidianamente e encará-las descompromissadamente, pois qualquer tentativa de orientação nesse sentido pode ser mal interpretada e na atual circunstância está sob pena de ser vista como doutrinação.
Que tempos são esses?A medida em que crescem as ideias conservadoras, aumenta também a hipocrisia.
Por fim, refletindo, será negando a nossa natureza, em satisfação de apelos equivocados e ilusórios, que vamos resolver questões dolorosas e de ordem social, como a irresponsabilidade parental, a gravidez na adolescência, os casos de pedofilia, as DST's, entre outros problemas que nos afligem enquanto sociedade e que são claramente decorrentes de uma sexualidade mal ajustada.   





domingo, 18 de novembro de 2018

Análise do post: Criança brinca

https://danielajspaixao.blogspot.com/2016/06/famosas-fotos-de-sebastiao-salgado-que.html

A criança só responde ao contexto em que está inserida, claro que ela também precisa estar a par das tecnologias, entretanto acredito que a aprendizagem não pode ser limitada e para a criança, especialmente, é importante que ela aconteça da união corpo e mente, assim como coloca Ana Oliverio Ferraris, autora do texto “Agitação que faz bem”: “A universalidade e a importância que o brincar assume tanto na infância humana quanto entre filhotes, revelam que a prática é essencial ao desenvolvimento – e ao bom funcionamento físico e mental.”

O trecho acima é extraído da postagem em análise "Criança brinca", simboliza aprendizagens no contexto da interdisciplina de Ludicidade, considerei interessante destacar esse fragmento porque ele resume bem a compreensão obtida na época.
Coloco em destaque também as imagens do fotógrafo Sebastião Salgado, que certamente são muito impressionantes e reveladoras, principalmente pelas circunstâncias em que são flagradas. Um cenário aparentemente mísero, mas que surpreende deixando expor o brincar, em sua mais singela essência.
Concluindo, a publicação aqui destacada coloca de forma simples a reflexão sobre o tema estudado, fazendo ainda uma sutil comparação entre o brincar presente nas fotos e a sua forma atual presente na sociedade do consumo, crianças que só se interessam pela cyber brincadeira.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Psicogênese da língua escrita

https://danielajspaixao.blogspot.com/2015/11/como-se-aprende-como-jean-piaget-as.html


Na postagem do link acima, encontramos uma reflexão acerca de um dos temas estudados no segundo semestre. Já, transparece uma construção mais consistente, mesclando argumentos e evidências, onde é possível perceber um avanço no entendimento da proposta do blog.
Ao analisar a publicação em questão, sigo com o seguinte encadeamento:
A psicolinguista argentina Emília Ferreiro, notável teórica construtivista, certamente foi um importante nome para o progresso da educação brasileira, principalmente no que diz respeito ao processo de alfabetização. Sua teoria, ao revelar os movimentos que levam a construção do conhecimento pelas crianças, causou grande impacto na concepção tradicional do método de alfabetização, fazendo com que novos rumos fossem tomados. Tamanha foi a sua influência, que é possível verificar as suas concepções como fonte orientadora  da área,  estabelecidas inclusive nos Parâmetros Curriculares Nacionais, o que podemos identificar no seguinte excerto:
Concluindo, as descobertas de Ferreiro tornaram-se referência para mudanças pontuais no ensino brasileiro, como a abolição do uso das cartilhas, por exemplo. Os seus conceitos continuam atuais, merecendo destaque nas reflexões deste portfólio, até mesmo, devendo ser cada vez mais investigados e prestigiados.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Revisitando o post :"Manifesto dos Educadores e Educadoras Brasileiras do século XXI"


                                                                                                                                                    https://danielajspaixao.blogspot.com/2015/12/atividade-para-interdisciplina.html

No link acima está uma atividade desenvolvida para a interdisciplina de Escolarização no Espaço e Tempo na Perspectiva Histórica, consiste em um desenho com um breve esclarecimento quanto a mensagem que desejava transmitir na época.
Estávamos estudando o Manifesto dos Pioneiros, as influências do movimento Escola Nova no Brasil, a proposta resumia-se na construção de um "Manifesto dos Educadores e Educadoras Brasileiras do século XXI", em um formato a livre escolha. A minha opção foi uma manifestação artística por meio do desenho, acredito que a ideia foi transmitida com clareza, a inspiração veio da Escola Parque, idealizada por Anísio Teixeira, que provou que era possível se ter uma educação pública de qualidade, mas que no entanto, taxada de ambiciosa, a sua proposta não teve o incentivo merecido e não tomou a proporção que gostaria. Entretanto, o experimento com Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, Bahia, inaugurado em 1950, ganhou repercussão não somente nacional, como uma das mais audaciosas concepções pedagógicas, servido de inspiração até os dias de hoje.
Ao rever esse ideal de escola, o manifesto dos Pioneiros, não há como não se abater de tristeza ao pensar na educação atual, que as poucas conquistas que obtivemos nesse campo estão ameaçadas, que para alcançarmos algum dia um modelo educacional adequado, muitos confrontos ainda serão encadeados. Mas, concluo levantando a bandeira da resistência, pelos sobreviventes dessa terra e por aqueles que realmente amaram e deram a vida pelo nosso país.


domingo, 4 de novembro de 2018

Criança, a Alma do Negócio - Oficial

   

O vídeo acima publicado aqui no blog em 02 de Novembro de 2015, no link https://danielajspaixao.blogspot.com/2015/11/crianca-alma-do-negocio.html, foi um dos primeiros vídeos postados e a escolha se deu pelo conteúdo que, precisamente, estava em discussão na interdisciplina de infâncias, bastante pertinente, considerei que merecia ser republicado.
As cruéis investidas da publicidade, no intuito de conquistar a opinião das crianças, foi uma tática encontrada pelo mercado de envolver as famílias em uma rotina guiada, exacerbadamente, pelo consumo. Consumir itens não por necessidade, mas por moda, por competição, para ter o lançamento em primeira mão, entre outros motivos, por vezes fúteis, virou um hábito vicioso que se insere cada vez mais precocemente. Os veículos de comunicação cientes desse cenário, aproveitam-se e lançam estratégias sempre viabilizando o lucro, com a influência exercida sobre as crianças, conseguem manipular o restante da família.
Por fim, reanalisando o vídeo vemos que o consumo em excesso pode ser entendido como uma tentativa de se encaixar no círculo social, de ser aceito e bem visto, tomando muitas vezes proporções desmedidas. Desse modo, os veículos midiáticos, estabelecem padrões, normas de conduta, valores que adentram lares e regulam a vida das pessoas, modificando inclusive aspectos da fase infantil, como o brincar. Esse vídeo nos incita a uma profunda reflexão a respeito do que está acontecendo com a infância, com as relações que significam a sociedade, até quando nos permitiremos ser manipulados e iremos consentir com que a infância seja roubada.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Recordações de início do curso


Ao revisitar as minhas primeiras publicações no blog, encontrei algumas sem muito ou sem nenhum conteúdo que eu tenha escrito. Eram postagens tímidas, de alguém que ainda não era familiarizada com essa ferramenta digital e que ainda não havia compreendido a proposta do curso para o seu uso.
Principalmente, as publicações do primeiro semestre que em sua maioria eram de fotos e vídeos que buscavam retratar as minhas primeiras impressões do curso. Hoje, ao revê-las parecem até tolas, mas considerando que todo o percurso tem um início, elas ficarão lá justamente para lembrar a evolução do processo de construção desse blog.
Vou citar uma postagem em especial, que poderia ter contido mais detalhes:
Nesse link encontramos o retrato do educador suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), com a seguinte frase, atribuída a ele: “A vida educa. Mas a vida que educa não é uma questão de palavras, e sim de ação. É atividade”.
É inegável a contribuição de Pestalozzi para a visão da pedagogia moderna, o teórico lançou um novo olhar para o período infantil, em uma época em que as crianças eram vistas como mini adultos, acreditava que as fazes da infância deveriam ser respeitadas e colocava o afeto como o principal recurso a educação. Acreditava que a educação era uma arte que de deveria ser cultivada em todos os aspectos, costumava dizer que cada criança carregava em si o projeto de uma árvore toda, que deveria ser regada todos os dias, comparava, desse modo, o professor a um jardineiro. Ele também vivenciou a sua teoria na prática, montou escolas, abrigou órfãos, crianças carentes e entendia que o processo educativo deveria enfatizar a ação, muito mais do que as palavras, pois as crianças deveriam ter contato e explorar o objeto de aprendizagem, desenvolvendo habilidades e princípios morais.
Pestalozzi foi um religioso que acreditava que o ser humano era bom em essência, a sua arma educativa era o amor.
Em tempos de tamanha intolerância movida por valores "religiosos", é bom falar de um renomado que entendia e pregava a única moral cabível a religião, a filantropia.


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Iniciando o estágio obrigatório

Resultado de imagem para frases paulo freireNessa semana iniciei o meu estágio curricular obrigatório, apesar de já conhecer a escola, a situação é singular e se apresenta como uma missão que deve ser plenamente executada. Não há como negar a ansiedade que antecede o novo, mesmo sabendo que os desafios enriquecem a nossa prática. 
A minha proposta para essa jornada é dirigir o meu planejamento sob a ótica da arte e do movimento, com o tema: Vamos fazer arte? A escolha do tema deu-se porque, além de despertar o interesse da turma, a educação infantil exige o desenvolvimento de um trabalho por intermédio do lúdico e a arte explora e expande essa ideia. É possível encontrar a arte em cada detalhe do nosso dia a dia, se trata da manifestação da nossa cultura e história, podemos dizer que está em toda a parte, o que permite o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar. 
Por intermédio da arte é possível aprender brincando e o movimento é uma das suas expressões mais significativas. A arte e o movimento estão interligados, favorecem estímulos que possibilitam a expressão das crianças sobre si e sobre o mundo ao seu redor.
Desse modo é possível contribuir com a construção do raciocínio crítico, com a percepção da diversidade e atuar de forma inclusiva, estimulando o respeito as diferenças.
Sendo assim, ao refletir sobre essa proposta, sobre o contexto educacional de modo geral e sobre o atual cenário que se estabeleceu em nosso país, conservadorismo + degradação de valores humanitários x democracia, percebo o quanto a filosofia freiriana se faz necessária na construção de uma sociedade mais justa e racional.
Pois, cada vez mais compreendo que não é possível formar "cidadãos de bem", sem uma educação que priorize o reconhecimento e aceitação da diversidade, sem a liberdade de informação e expressão e a filantropia. Chega de achar que a imparcialidade é conveniente, a escola também é responsável pela formação ideológica tanto do oprimido, quanto do opressor.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

José Angelo Gaiarsa - O corpo em movimento



O compartilhamento desse vídeo tem por objetivo agregar referências as reflexões que faremos sobre o conceito de corporeidade, que iremos adentrar ao longo do semestre.
Porquanto, é por intermédio do nosso corpo que nos relacionamos com o mundo é o instrumento que nos permite viver. O material acima traz um breve parecer do renomado médico psiquiatra e psicoterapeuta corporal, José Ângelo Gaiarsa, sobre a educação do corpo. Gaiarsa, considerado um teórico  um tanto controverso, sobretudo por colocar em cheque o pensamento corpóreo ocidental, ao trazer à tona, a ideia de que "o corpo humano tem sido brutalmente maltratado pelas tradições sociais, econômicas e religiosas."
Para Gaiarsa, o corpo fala e a restrição das manifestações do corpo na infância podem acabar por restringir além dos movimentos, também a inteligência e os sentimentos.


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Vamos semear


Imagem relacionada

Iniciamos o VIII semestre do PEAD,  mais um período de desafios, indagações e compartilhamento de ideias e emoções. Chegou o momento de executarmos o apanhado de novos saberes que conseguimos conquistar durante o curso, eis o estágio obrigatório, até mesmo os veteranos não escapam dos sentimentos de ansiedade e insegurança que insistem em pôr à capacidade a prova. 
Também, nesse mesmo momento, vamos passar por decisões que conduzirão o destino do nosso Brasil varonil.
Desejo a todos uma excelente etapa, e assim como nos incita o poema de Cora Coralina: vamos semear!
Semear as mais fraternas sementes.
E que o vento sopre para longe as tribulações, para que ao final possamos colher somente as flores.

sábado, 16 de junho de 2018

História da Educação no Brasil - Aula 18 - Paulo Freire e sua proposta d...




O legado de Freire para a educação foi mais do que sugerir uma nova proposta ou método de ensino, além de derrubar as estruturas de uma pedagogia opressora denunciando os seus equívocos, como o uso das cartilhas na alfabetização, ele conseguiu nos advertir quanto ao caráter político da ação educativa. Lembrando a todos da função social exercida pela escola e que não pode ser negligenciada pelos órgãos competentes ao sistema educacional.
Ao olharmos para a Educação de Jovens e Adultos, por exemplo, nos damos conta de que de certa forma ela denuncia o fracasso tanto da escola regular, no que tange ao seu compromisso com a comunidade, quanto a desestrutura e imprevidência do Estado para com o seu comprometimento social. Já que somos levados a refletir assuntos pungentes como a evasão escolar, o trabalho infantil, o analfabetismo, questões raciais, os índices de desigualdade, entre outros. Esse amplo contexto de situações dolorosas se faz presente na EJA, e a essa modalidade de educação cabe o resgate desses sujeitos, descobrir e construir ações positivas, de forma que a aprendizagem escolar lhes propicie ferramentas úteis tanto para a resolução de questões práticas da vida cotidiana, como incluindo esses indivíduos no enredo produtivo, dinâmico e autônomo da sociedade.
Foi justamente atuar na libertação dos indivíduos delegados a viver as margens da sociedade que a pedagogia freiriana dedicou-se profundamente. Como nos mostra a experiência de Angicos, alfabetização em 40 horas dirigida por Paulo Freire, que testemunha a eficácia da sua revolucionária metodologia. Paulo Freire queria quebrar as barreiras do conhecimento e ensinar a leitura do mundo.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Resenha do texto Alfabetização de Jovens e Adultos: ainda um desafio

Coloco em destaque neste post a atividade realizada para a interdisciplina de Educação de Jovens e Adultos no Brasil, trata-se de uma breve síntese do texto, mencionado acima, da Professora Regina Hara :

O texto de Regina Hara, com ideias fundamentadas nas concepções de Paulo Freire, Emília Ferreiro e Ana Teberosky, nos propõe uma reflexão que vai além do estudo da psicogênese da língua escrita, nos permitindo uma análise socializadora, elevando a nossa concepção política a respeito de toda a conjuntura que envolve a alfabetização de jovens e adultos.
Tais teóricos, “(...) tomam o homem como sujeito cognoscente e construtor de seu conhecimento.” (HARA, 1992, p.04). E seus estudos apontam que assim como as crianças o indivíduo adulto não alfabetizado também traz consigo toda uma bagagem de entendimento que se pode relacionar ao código escrito, mesmo sem conseguir compreendê-lo propriamente, não é um ser vazio de conhecimentos a esse aspecto, já que consegue fazer associações e formular hipóteses, agregando vários elementos das suas vivências. Desse modo a autora aborda em seu texto a relevância da atuação docente considerar esses conhecimentos como princípio do processo aquisição da linguagem escrita, ao invés de ignorá-los concebendo esses sujeitos como iletrados.
Para tanto, Hara salienta que não basta por intermédio de uma leitura sistemática do método freireano propor um desafio, que denomina de simplista, escolhendo palavras relacionadas ao cotidiano dos alunos e achar que a eficiência consiste em decodificá-las e a partir delas construir novas. Podemos entender que é preciso mais para compreender e agir significativamente sobre o universo desse aluno, há de se levar em conta o respeito por sua historicidade e cultura, bem como o seu entendimento acerca de mundo e o que o levou a buscar a escolarização.
Visto que podem ser muitas as adversidades enfrentadas no dia a dia de uma sala de aula da EJA, tanto de ordem sociopolítica, econômica e estrutural, mesmo quanto às ações pedagógicas empreendidas no processo de alfabetização e construção do conhecimento. A autora nos coloca ainda, que de acordo com as pesquisas de Emilia Ferreiro, para o aluno adulto assim como as crianças a aprendizagem da escrita é conceitual, sendo construída nas relações do sujeito com o meio, portanto podemos entender que é abstrata e individual é um processo de entendimento particular que passa por diversas etapas cognitivas, desse modo constitui-se em próprio de cada um.
Regina Hara também destaca o seguinte: “(...) não é o método que se elege que promove a alfabetização, mas é todo um conjunto de conhecimentos e a postura intelectual que adotamos com relação aos sujeitos e ao objeto da aprendizagem.” (1992, p. 7) O que vem a contemplar de modo elucidativo os argumentos colocados até agora, sabendo que o processo de alfabetização não se trata de decodificar mecanicamente a escrita e sim de compreender todo o processo histórico que a envolve.
Finalizando, podemos compreender esse desafio, em síntese, partindo do entendimento de que o estudante da EJA que ainda não domina o código escrito é do mesmo modo um sujeito ativo no seu processo de aprendizagem, apresentando igualmente expectativas e noções do seu lugar no mundo, não é abstraído de conhecimento algum. Portanto a ação didática deve considerar quem são esses indivíduos, de forma desprendida de concepções preestabelecidas e até preconceituosas, para que a prática que comumente já esbarra em problemas de ordem administrativa, institucional e social, possa de modo consciente e analítico contribuir não somente com a alfabetização dos educandos, mas com a constituição de sujeitos epistêmicos, críticos e emancipados.

Referências:
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Piaget, Vygotsky e Wallon algumas considerações


Resultado de imagem para PIAGET vygotsky e wallon As concepções de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon, apesar de algumas diferenciações, apresentam de certo modo alguns aspectos semelhantes. A exemplo, temos a maneira na qual compreendiam as crianças, como um sujeito com capacidades cognitivas que lhes permitiam a ser ativas, atentas e pensantes em seu ambiente. Ambos teóricos defendiam a importância da socialização e da interação do indivíduo com o objeto de aprendizagem.
Para Piaget, no entanto o desenvolvimento humano se dava por etapas, períodos ou estádios: sensório-motor (entre 0-2 anos), pré-operatório(entre 2-6 anos), operatório concreto(entre 7-11 anos) e operatório formal(inicia-se por volta dos 12 anos), entretanto a faixa etária que compreende cada qual, pode ser variável, sendo que a passagem para a etapa posterior se dá somente após a completa formação da primeira. Assim podemos entender que cada fase dessa evolução é marcada por esquemas endógenos subsequentes o que Piaget determinou de embriologia mental. Entretanto, apesar de essa embriogênese terminar apenas na fase adulta, totalizando um contexto biológico e psicológico, diferentemente das faculdades biológicas, essas fases não desabrocham ao longo da vida do indivíduo, elas não são previstas. Isto é, nem todos os seres humanos alcançarão todas as etapas do desenvolvimento mental, pois elas dependem das exigências impelidas pelo meio, isso quer dizer que o meio estimula as estruturas mentais, que o avanço acontece a partir da necessidade de raciocinar sobre o objeto proposto.
O trabalho de Montoya nos leva a entender que na teoria piagetiana o desenvolvimento psíquico do ser humano acontece basicamente pelo processo de desequilibração e equilibração.Desse modo, no momento em que o sujeito se vê diante de uma nova situação de aprendizagem, desequilibra-se, sentindo então a necessidade de retomar o equilíbrio. A partir desse episódio tem início o processo da assimilação do novo, que por meio da interação há a apropriação desse elemento, provocando transformações nas estruturas mentais do sujeito, desse modo inicia-se o processo de acomodação, que aos poucos alcança certa organização.  Com a internalização desse acontecimento, tem principio a adaptação externa do indivíduo, que logo irá se deparar com um novo desequilíbrio, num contínuo movimento dialético. Essa atividade interna pode ser motivada pela curiosidade, necessidade, dúvida, entre outros, fazendo-se condição essencial a aquisição de novas cognições.
Dessa forma, Piaget credita a circunstância da aprendizagem com maior peso a essa movimentação interna, ou seja, está subordinada ao desenvolvimento, já que defendia que só era possível o alcance de um determinado conhecimento se as estruturas mentais tivessem condições para tal, em vista disso, minimizando o papel da interação social nesse processo.
Já Lev Vygotsky defendia que o pensamento era moldado pelas condições externas, sendo assim para ele a historicidade, a cultura, as relações sociais, determinavam profundamente o modo de pensar. Ou seja, se para Piaget a criança é quem age sobre o meio estruturando o seu pensar, para Vygotsky o meio é o responsável pela maneira como a criança formula o seu raciocínio, nos deixa claro que são dois pontos de vista baseados na interatividade do sujeito.
Desse modo, Vygotsky acreditava que o desenvolvimento cognitivo é mediado pela proposta do contato social, através de símbolos representantes de uma cultura. Toda via essa internalização de significados que vão tomando forma e organizando o psíquico, não é linear e acontece de forma diferente para cada sujeito, pois é constituída por experiências individuais. O teórico desenvolveu um reconhecido trabalho a respeito da formação de conceitos no psiquismo humano, são eles: Os de senso comum que estão relacionados as atividades e vivencias da vida cotidiana, formulados sem qualquer prova científica; E os de senso formal, baseados em conceitos científicos formais, testados, organizados e comprovados de acordo com os critérios da ciência, são transmitidos ao longo da vida pela escola, livros e outras experiências de natureza culta, no qual vão aos poucos sendo incorporados pelo senso comum do indivíduo.
O avanço em a sua teoria deu-se sobre a ideia de zonas de desenvolvimento, seriam a real que é baseada em conceitos já dominados pelo sujeito e a Zona de Desenvolvimento Proximal que é reservada a aquisição de novos conhecimentos, é uma parte em potencial e que é sempre ampliada a medida que em se aprende, sendo assim o percurso cognitivo está sempre em movimento.
O que Henri Wallon inovou, de certo ponto de vista, ao levar a criança por inteiro para dentro da sala de aula, ao associar as emoções ao conhecimento. A sua teoria pedagógica fez clara oposição aos métodos tradicionais de ensino, apontando uma relação estreita entre a afetividade e o desenvolvimento intelectual. Como um humanitário Wallon sinalizou um aparente mundo subjetivo que envolve os aspectos cognitivos do ser humano, composto por um somatório de sentimentos desenvolvidos a partir das relações interpessoais estabelecidas desde a mais tenra idade, caracterizando um ser essencialmente social.
O que podemos compreender melhor, considerando que:
Ao apontar a base orgânica da afetividade, a teoria walloniana resgata o orgânico na formação da pessoa, ao mesmo tempo em que indica que o meio social vai gradativamente transformando esta afetividade orgânica, moldando-a e tornando suas manifestações cada vez mais sociais. (FERREIRA e ACIOLY-RÉGNIER, 2010, p.26)

As crises sociais e instabilidades políticas que marcaram a sociedade da época fundamentaram a postura do teórico e ativista político frente às concepções pedagógicas. Refletiram no seu modo de interpretar o sistema educacional, entendendo o papel da escola na composição da sociedade, bem como a sua conduta na compreensão de um sujeito em pleno desenvolvimento. Ao valorizar as emoções Wallon pensava em um sujeito em sinergia com o meio e na escola como um ambiente onde a afetividade, o movimento e o próprio espaço físico se encontravam em comunhão.
Assim como Piaget, também defendia o desenvolvimento humano em fases, no entanto sem estabelecer faixa etária, acreditava no sincronismo da evolução psíquica e biológica. A vista disso, Wallon entendia as emoções como essencialmente originárias desse processo orgânico, por assim dizer, a afetividade surgiria como uma necessidade de resposta ao mundo, à medida que o sujeito interage com o ambiente a sua volta, com o outro, é solicitado a responder positiva ou negativamente.
Dessa maneira, podemos entender, de acordo com FERREIRA e ACIOLY-RÉGNIER: “Assim, em Wallon, a cognição, como a afetividade, brota das entranhas orgânicas e vai adquirindo complexidade e diferenciação na relação dialética com o social.” (2010, p.28)
Considerando as três correntes teóricas é possível concluir que a sua compreensão têm significativa importância para a educação, já que elucidam todo o processo de aprendizagem reservando ao professor o importante papel de mediador. Logo, podemos compreender que tanto a Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, como a lei de Equilíbrio e Desequilíbrio de Piaget, bem como a relação intrínseca entre a afetividade e o desenvolvimento cognitivo proposta por Wallon, trabalham com a possibilidade da formulação de hipóteses, com a problematização do contexto propício ao conhecimento e privilegiam a interação como condição essencial a evolução. Visão essa, que evidencia o protagonismo do aluno na construção do conhecimento, estreita a relação entre educando e educador e delega a escola o importante papel de concentrar a sua ação em uma relação dialética e humanista com esses sujeitos. 


Referências:
FERREIRA, A.L; ACIOLY-RÉGNIER, N.M. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Educ. rev. n. 36, p. 21-38, Curitiba 2010.  
MONTOYA, Adrián Oscar Dongo. Pensamento e linguagem: percurso piagetiano de investigação. Psicol. estud., Maringá, v. 11, n. 1, abr. 2006

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Peixes não sobem em árvores!



Esse vídeo, mesmo espirituoso,  traz de forma explícita alguns dos problemas estruturais presentes na nossa educação, tais como: a existência de uma metodologia que ignora as singularidades dos sujeitos, assim como as estratégias de avaliação e ainda um modelo tanto de ensino, como arquitetônico, absolutamente obsoletos.  E apesar de colocar o professor e a instituição escolar no centro do debate, culpabiliza sobretudo o sistema social. No qual podemos identificar como uma forma de organização antidemocrática ao qual estamos subjugados e que costuma oprimir, classificar e incentivar a competitividade, desprezando as competências individuais, massificando e robotizando os indivíduos, com a finalidade de manter uma ordem que contribuirá com a ideia de produção e demanda. 



quarta-feira, 6 de junho de 2018

Corpo e Movimento na educação infantil



O que é o corpo se não o nosso templo, a casa que abriga o nosso eu, podemos entende-lo como o lugar onde se dá toda a nossa manifestação psíquica, motora, orgânica e afetiva, o corpo e a mente não são dissociáveis. Desse modo, podemos pensar que a tentativa de conter as manifestações do corpo, também pode aprisionar a mente. 
A contenção do corpo sucedeu-se por séculos nas instituições educativas, no intuito de elevar a inteligência, enaltecer a ciência e a razão. No entanto, essa prática acarretou no menosprezo das manifestações expressivas corporais. O que o doutor em educação física Marco Santoro vêm a esclarecer com sabedoria, no vídeo acima, advertindo que o conhecimento deve ser construído de corpo inteiro.
A educação infantil é um território de descobrimento e de investigação corporal, onde é possível perceber, muitas vezes, as primeiras conquistas dos desafios psicomotores. Como, por exemplo, conseguir subir um degrau mais alto, chutar uma bola, pular com um pé só, entre tantas outras descobertas que provocam os sentidos e que colaboram com a construção de um sujeito capaz, fortalecendo a sua identidade e autoniomia.
Sendo assim, favorecer o movimento especialmente na primeira infância permite o desenvolvimento psicomotor, a apropriação da noção espacial, de forma que a criança possa conhecer a si própria e comunicar-se com o mundo a sua volta, sentindo-se valorizada e respeitada na sua individualidade, contribuindo significativamente com a sua autoestima e consciência corporal.


terça-feira, 29 de maio de 2018

Maria Montessori



Pesquisadora italiana, a frente do seu tempo, Maria Montessori é um dos célebres nomes da corrente Escola Nova, especialmente relacionado à Educação Infantil, o seu notável método montessoriano, como é conhecido, acreditava na capacidade criativa inata das crianças pequenas.  A sua técnica consistia em incentivar a autonomia, a liberdade, a espontaneidade e a interatividade, dentre outras manifestações que considerava importantes ao desenvolvimento infantil, por intermédio de um ambiente desafiador, rico em estímulos, um espaço que privilegiasse o movimento e o toque, que proporcionasse experiências concretas para dessa forma desenvolver gradualmente a compreensão subjetiva, a educação dos sentidos.
Alguns dos recursos mais conhecidos dessa metodologia são o material dourado, os jogos sensoriais e os blocos de encaixe.
No método montessoriano a criança é o centro do processo educativo e ao educador cabe, por meio de observações empíricas, refletir sobre as técnicas mais adequadas para auxiliá-la em seu desenvolvimento.

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Sala de aula montessoriana
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sexta-feira, 18 de maio de 2018

John Dewey - Breve Vida e Obra



O Movimento Escola Nova teve princípio no final do século XIX, período de grandes transformações de âmbito social, econômico e político, motivado por concepções contrárias a limitadora pedagogia tradicional, lançou um novo olhar sobre a infância.
Para os estudiosos do movimento, defensores da democracia e liberdade de expressão, a criança era capaz de construir o seu próprio conhecimento e as ações pedagógicas deveriam conduzi-las a essa construção, nesse caso o foco principal deixa de ser o professor e passa a ser o aluno, ele é o centro do processo educativo. Outro aspecto que merece destaque é que para essa corrente de pensamento a educação está vinculada as demandas sociais, nos quais a escola deve se colocar de modo a contextualizar dialogicamente com essas variações.
John Dewey, foi um dos mais influentes teóricos Escolanovista, notável nome da corrente filosófica denominada de pragmatismo, defendia a aprendizagem pela prática. Por intermédio de experiências concretas em um ambiente estimulante, interativo e democrático, capaz de proporcionar situações de cooperatividade,  e que fossem próximas a realidade do aluno. Nesse intento, a a ação pedagógica seria fundamentada no movimento da criança em direção ao conhecimento, fornecendo a ela condições de interagir, interpretar e relacionar o mundo a sua volta.

sábado, 12 de maio de 2018

Tecnologia e Metodologia



As TDs por si só não se constituem em inovações, na medida em que a inovação implica o rompimento de paradigmas e surge no conhecer, portanto no viver e conviver. (SCHLEMMER, 2006)

A ideia explicita acima deixa a entender que uma proposta para ser inovadora e significativa nessa dimensão, precisa vir acompanhada do método de ensino adequado, não basta inserir aparatos tecnológicos na escola se a didática não acompanhar essa evolução, nos deixando claro que a ação docente precisa ser repensada a partir dessa nova perspectiva. Schelemmer nos situa também da importância do professor se apropriar das tecnologias de tal modo a protagonizar a sua experiência com a nova proposta, integrar-se e interagir com esse novo universo, o dos nativos digitais.
Esse repensar a prática requer o rompimento com o modo tradicional de ensino, a velha forma robotizada: copiar e repetir, isso porque a metodologia não pode se manter estática, precisa acompanhar o dinamismo da vida humana, a forma antiga não compreende os novos sujeitos.
No entanto mesmo que a instituição escolar não acompanhe materialmente esse progresso, o mundo digital se faz presente em quase todos os âmbitos da vida cotidiana, sendo assim a estratégia pedagogica deve buscar conectar-se a essa dinâmica atual e preparar-se ao desafio de contribuir com a formação dos indivíduos da nova geração, que exige constantes inovações.



SCHLEMMER, Eliane. O trabalho do professor e as novas tecnologias. In: Revista Textual. Setembro de 2006.


sábado, 5 de maio de 2018

Inovações Pedagógicas

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Algumas reflexões:

Sendo que inovar é criar algo novo, reinventar, fazer algo que não era feito antes, na perspectiva educacional as inovações não surgem apenas da vontade de fazer algo diferente, podemos dizer que resultam principalmente de uma nova interpretação do conhecimento, da reflexão sobre os métodos utilizados, da forma como vem sendo aplicados, dos resultados obtidos até então e do que se pretende alcançar, do que se espera para o futuro.

Podemos analisar esse processo a partir da seguinte colocação: "Atitudes emancipatórias também exigem conhecimentos acadêmicos e competências técnicas e sociais que configurem um saber fazer que extrapole os processos de reprodução."(CUNHA,2006)

Desse modo é possível entender que as Inovações Pedagógicas partem de um conjunto de ações que consideram as exigências do atual cenário, contexto-histórico social e suas demandas. São mudanças de concepções, estruturas, organizações e dos processos que envolvem o ensino e aprendizagem. Em sala de aula, podem se fazer evidentes principalmente a partir da atuação direta do professor que se sente desafiado (reflexionando a sua prática diária, fazendo adequações, buscando soluções), mas também do posicionamento das instituições de ensino e órgãos regulamentadores, frente ao panorama atual (científico-social) que impele mudanças.



sábado, 28 de abril de 2018

Animação Cibercultura e Redes Interativas




Em se tratando do uso das tecnologias, podemos concluir que são produtos e ferramentas que evocam conhecimentos e princípios científicos, com finalidades específicas e de grande utilidade por uma determinada cultura, sociedade e/ou época, evidenciando um tipo de linguagem.

A cibercultura que surge a partir da gama de redes interativas, da comunicação por meio virtual desloca-nos a um ciberespaço, que advém das inteligências digitais e corresponde a um lugar de interação que conta com as tecnologias da informação e comunicação à disposição, sem a necessidade da presença física de seus integrantes. Por ser um ambiente que dialoga com diferentes culturas, comunidades e aspectos sociais, na atualidade, constitui-se em um importante instrumento para a implementação de uma sociedade genuinamente democrática.

Essa corresponde a uma característica da educação a distância e as diversificadas técnicas que a compõem podem e devem ser aproveitadas também no cotidiano da escola regular, como salienta o respeitado pesquisador das tecnologias da inteligência Pierre Levy. Dessa forma o pesquisador, sociólogo e filósofo nos adverte para o rumo futuro da educação, no qual acredita que haverá uma espécie de mixagem entre os dois modelos educacionais, uma mistura de elementos da EAD e da escola clássica, que certamente colaborariam para um maior enriquecimento cultural, com uma visão mais abrangente acerca de mundo, interatividade e inclusão já que é aberto a participação de todos, além da descentralização do saber, que movimentariam paradigmas estagnados.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Didática Magna: Considerações

Resultado de imagem para FOTO COMENIONa semana anterior realizamos uma atividade da interdisciplina de Didática, na qual tínhamos que desenvolver um pequeno texto relacionando o material proposto a respeito do educador, filósofo e cientista Comênio a algumas ideias presente no contexto educacional atual.
Sendo assim trago aqui alguns dos princípios abordados nas leituras propostas:
Considerando que a didática é uma prática de ensino, o pensador ao desenvolver a sua didática Magna, queria com isso propor uma grande ferramenta orientadora para o ensino, uma espécie de tratado a ser adotado por todas as instituições. acreditava no melhor do ser humano, foi o primeiro teórico a contribuir com a visão da criança que temos hoje, propondo o respeito a sua individualidade, seus sentimentos e a sua capacidade cognitiva. Ele acreditava que o período infantil era o momento ideal, se não o único, que melhor possibilitava a aprendizagem, inclusive o desenvolvimento moral. Reconhecia que a escola deveria ser para todos (meninos, meninas, deficientes) e resgatar a boa natureza humana.
“Tudo para todos!”
Essa era a epígrafe proferida por Comênio, acerca de meio milênio, mas inacreditavelmente ela nos soa como um clamor atual. Nada mais democrático do que pensar dessa forma, no entanto a luta pela democratização do ensino ainda é uma constante, tendo em vista a explícita desigualdade de oportunidades que ainda circunda o contexto educacional atual. De acordo com Demerval Saviane o Brasil ainda vive no século XXI impasses que perduram desde os séculos anteriores: “(...)precisamos organizar e instalar um sistema de ensino capaz de universalizar o ensino fundamental e, por esse caminho, erradicar o analfabetismo. (p. 53)”
Comênio apesar de pertencer a uma organização religiosa, cristã protestante, contestava o sistema medieval, era contra os princípios educacionais propostos pela igreja, a doutrina escolástica, o academicismo literário e o sarcasmo pedagógico.
Dessa forma defendia que a escola deveria oferecer as crianças a oportunidade de manipular diferentes materiais e com isso as levar a desfrutar de experiências mais concretas, promovendo estímulos aos sentidos, também assinalava a necessidade de experiências através do brincar. Como um humanista, o pensador tcheco, também propunha a valorização da natureza histórico-social da criança e adotava o empirismo como método de ensino.
Em vista desses elementos, podemos arriscar a dizer que a pedagogia proposta por Comênio se aproxima muito da visão mais moderna que se tem do ensino. Tendo revolucionado os paradigmas educacionais da sua época, certamente contribuiu com as concepções atuais, principalmente ao ver no educando um ser capaz e a buscar aproximá-lo da vida prática em sociedade.
Concluindo, o pai da didática, apesar da grande influência religiosa na extensão das suas idealizações, sem dúvida foi um libertário no seu tempo, defendendo questões que ainda hoje se tenta colocar em prática na sala de aula, como o incentivo a autonomia, a diversidade de experiências, o uso de tecnologias variadas, o aluno como sujeito operante na aquisição do conhecimento, a boa relação professor-aluno, a realidade social presente na escola, entre outros elementos contemporâneos facilmente identificados e até o presente examinados.
Referências:
DOLL, Johannes; ROSA, Russel Teresinha Dutra da. A metodologia tem história. In: _______ (orgs.). Metodologia de Ensino em Foco: práticas e reflexões. Porto Alegre: UFRGS, 2004, p.26-29
GASPARIN, João Luiz. Comênio ou da arte de ensinar tudo a todos. Campinas: Papirus, 1994. p. 41-42.
SAVIANI, Dermeval et al. O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2004. 224 p.
https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1466752 (disponível no moodle)
https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1466754(disponível no moodle)

domingo, 8 de abril de 2018

Até onde as cartas podem chegar?


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O que as cartas podem levar? 

Ao vento ou amarradas em pombos elas podem voar;
Em uma garrafa, a todos os oceanos podem navegar;
Escondidas entre livros ou enterradas em baús podem o tempo atravessar;
Toda a inspiração de um coração acelerado, irão te levar;
O máximo que nos distanciem, as minhas cartas irão te alcançar;
Mesmo que não me respondas, o alívio sobre o teu martírio irei derramar;
Entrincheirado, entre bombas, brado e o sangue, a mãe virá com seu o semblante a paz resgatar;
Há quem acredite, e por que irei de duvidar, que o plano material também pode trespassar;
Sim, mesmo do seu lado, um bilhetinho usarei para seu coração tocar;
Lindos atos heroicos na posteridade irão registrar;
Nossa civilização temporal, as ligações de hidrogênio irão assinalar;
Com a escrita de meus  garranchos, minha identidade ali não irá te conturbar;
Sua função não se limita em aproximar, pois meus sentimentos aqui sei melhor demonstrar;
Nas masmorras não chores, ou se sinta aflito, pois do seu sofrimento todos iremos compartilhar.

domingo, 1 de abril de 2018

EAD: Breves Reflexões


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  Ao refletir questões pontuais que permeiam a Educação a Distância articulando-as com a minha experiência nessa modalidade de estudo, percebo a significância da aprendizagem online, em particular, no meu desenvolvimento profissional, operacional, instrutivo e pedagógico. Com a possibilidade de participar de formações paralelas, a plataforma EAD ainda confere ao aluno a atuação principal na construção do seu saber e a expansão do ambiente interacional, já que a ampliação do conhecimento se dá por diferentes domínios, linguagens e tecnologias digitais.
  Compreendendo que a EAD, em articulação com a UAB, viabiliza a formação continuada, em especial para professores, com grande oferta de cursos nas áreas de licenciatura, caracteriza-se dessa forma como uma política pública. Dentre outras singularidades, um dos aspectos que vem a normatiza-la é justamente a sua relevante contribuição com a promoção da educação inclusiva, já que possibilita que o aluno administre o seu período no exercício estudantil, podendo assistir as aulas sem sair de casa, facilitando assim a articulação com outras atividades da sua vida cotidiana, permitindo um maior aproveitamento na administração do espaço/tempo.
  Desse modo a EAD vem a contribuir com a política de redução das desigualdades sociais, rompendo os paradigmas que envolviam o ensino superior, por exemplo. E é nesse sentido que minha maior experiência nesse molde educacional se enquadra, tendo em vista que o curso PEAD/UFRGS, no qual sou integrante, compreende em sua maioria mulheres que buscam a formação continuada de professores, contribuindo dessa forma com a qualificação da educação no país, além de expandir as portas da universidade para as mulheres. Constituindo-se  de certo modo em um caminho oportuno para todos os que se vêm impossibilitados, por diversos motivos, de participar de um curso presencial e/ou que não tiveram a oportunidade de dar continuidade no seu desenvolvimento acadêmico anteriormente.



quarta-feira, 21 de março de 2018

Os excluídos da escola


 Na última segunda-feira 19 de Março de 2018 assisti à terceira aula presencial desse sétimo semestre de curso, dentre outros assuntos discorremos sobre as nossas experiências na docência, sobre a escola que almejamos, incluindo as questões que implicaram nas mudanças que ocorreram na educação e também o que não mudou, o perfil de alunos que temos hoje, bem como sobre pontuais transformações em nossa sociedade que contribuiram com a diversidade atual.
Ao refletir essas alterações tendo por base referências do século passado, é possível perceber um país recém ex-escravagista, ainda com raízes imperialistas, no qual a escola inicialmente não abarcava as minorias sociais, ou seja, negros e indígenas, modestos trabalhadores, os considerados deficientes e as mulheres por muito tempo ficaram fora da escola. Após a crescente industrialização e a partir do movimento Escola Nova que buscava uma maior estabilização social trazendo mudanças profundas na educação como a gratuidade, a obrigatoriedade e laicidade, marcando o início da escola pública. Houve uma série de transformações no cenário educacional brasileiro, depois com a gradual ocupação das mulheres no mercado de trabalho, também as mudanças na economia do país advindas do período de ditadura militar e pós ditadura, assim como a democratização do país, enfim a Constituição de 1988 e a inclusão das pessoas com deficiência. De lá para cá foram muitas as alterações de âmbito social que trouxeram mudanças para a esfera educacional, sem mencionar as mediações das variadas correntes no campo da psicologia, da filosofia, da neuropsicolinguística e epistemologias. E hoje ainda temos o avanço tecnológico e midiático, que acarretam em outras implicações, no qual a escola tenta se moldar para conseguir compreender as exigências da nova geração.
Entretanto o aparente progresso concernente a modernização da comunicação com o uso das tecnologias, não eliminou os problemas anteriores do quadro da educação do nosso país, como a questão da evasão escolar, por exemplo, que ainda possui taxas elevadas e destaca-se como um dos grandes desafios enfrentados pela educação brasileira. Na totalidade das séries do Ensino Médio esse número chega a 11,2%, segundo dados coletados nos anos de 2014 e 2015 e divulgados pelo INEP.  Sabemos que são inúmeras as situações que acarretam na evasão escolar, entre elas estão à repetência, à necessidade de trabalhar, a maternidade precoce, a falta de transporte, entre outras.
É então que entra a EJA, como uma reparação social, histórica, política, econômica e cultural, para abraçar esse público que coincidentemente ou não é o mesmo que mencionei no início desse texto, sim os excluídos da escola. Embora já tenha ouvido de colegas que jovens abandonarem a escola regular diurna para estudarem a noite virou modismo, essa ainda é uma questão que só acontece nas camadas de maior vulnerabilidade social. E não há como pensarmos na Educação de Jovens e Adultos sem nos reportarmos ao nosso patrono Paulo Freire, com sua Pedagogia do Oprimido, que com um método de educação humanitária revoluciona as práticas pedagógicas evidenciando o protagonismo do aluno no processo de ensino aprendizagem. A proposta de Freire que tem como premissa a análise do contexto histórico, político, social e cultural de cada indivíduo é prestigiada em diversos países do mundo, lhe rendendo o título de um dos mais notáveis pensadores da história da pedagogia.
Bom, concluindo essa foi uma breve reflexão acerca de alguns tópicos que podemos colocar em pauta quando nos reportamos ao nosso cenário educacional, como no caso da EJA que será um dos temas tratados no semestre.
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http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/inep-divulga-dados-ineditos-sobre-fluxo-escolar-na-educacao-basica/21206

domingo, 18 de março de 2018

Como aprendemos a falar

  A aquisição da linguagem falada foi o tema discutido na última aula presencial, a Professora Ivany Souza Ávila, após contextualizar os diferentes tipos de linguagem, propôs que nos reuníssemos em grupos a fim de debatermos a respeito. 
   O grupo de Alessandra, Ederson, Kasandra e Renata, no qual também estou inclusa, considerou que inicialmente a condição neurobiológica que motivaria o próprio choro seria então a primeira experiência humana de vocalização e que a partir dele ou desse exercício sonoro se manifestariam os balbucios, ferramentas essenciais ao desenvolvimento comunicativo humano. Também discorremos sobre a importância do diálogo com a criança pequena, como um estímulo essencial a fala, já que essa também se daria por repetição, estímulo-resposta. Entre esses e outros argumentos o assunto também foi pautado pela conversação com o grande grupo, que juntamente veio ao encontro das nossas conclusões.
   Para finalizar a Professora Ivany nos trouxe para complementar as reflexões o artigo Aquisição da Linguagem, de Samanta Demetrio da Silva, que nos trás distintos autores, dentre eles Noam Chomsky (que tem como posição teórica o inatismo) e Vygotsky (que defendia que essa aquisição dependeria de estímulos sociais externos), sob o enfoque de diferentes correntes que exprimem múltiplos aspectos conceituais acerca desse princípio comunicativo, no qual podemos entender que muitos estudos foram e ainda são realizados concernente a esse complexo e instigante tema, tão relevante ao desenvolvimento humano.


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sábado, 10 de março de 2018

Escolas democráticas



Iniciamos o semestre, no dia 05 de Março, com a aula presencial do Seminário Integrador Eixo VII, após algumas considerações a respeito do desenrolar das atividades ao longo do ano, desencadeamos um debate  acerca do curta metragem "Escolas Democráticas", uma animação produzida por Ellen Stein, parte do documentário "Democratic Schools" de Jan Gabbert (2006). Apesar do nome sugerir a aplicação de uma pedagogia libertária, o astucioso filme retrata o cotidiano de uma educação costumeiramente praticada ainda na atualidade.
A pedagogia diretiva ou a educação bancária, assim denominada na teoria de Paulo Freire e explicitamente abordada no curta, é inegável que persiste se fazendo aparente em muitas das nossas escolas. Esse modelo educacional aborta a construção do conhecimento bem como o raciocínio crítico, pois entende a criança como um mero depósito de informações, massificando o pensar. Mais especificamente, o movimento em fila das crianças pela escola demostrado na animação, me remeteu também ao clip da música "Another brick in the wall" (Pink Floyd), tal como a minha publicação anterior, no qual expõe a escola como uma fábrica e crianças sendo preparadas como se fossem mercadorias. E ainda após dialogarmos, a Alessandra Thornton e eu, correlacionamos o referido filme com o texto de Júlia Varela e Fernando Alvarez Uria, a " Maquinaria Escolar", que nos permite ter uma visão histórica-social de como a escola vem se alicerçando em nossa sociedade, de modo que podemos compreender que a sua aparente estagnação é deliberadamente articulada pelo topo dessa cadeia de produção. Refletindo assim, no modo de vida atual como, por exemplo, a alienação e supervalorização do consumo, acarretando em outras mazelas que nos afligem enquanto coletividade, mas que aquecem o mercado e aqueles que dele se comprazem.
Palavras como rotina, tempo, repetição, desmotivação e restrição, surgiram em nossa conversa objetivando designar o que havíamos assistido, tristemente elas não se detêm apenas a animação, certamente já foram vivenciadas por todas nós. A questão agora, e creio que seja o objetivo desta atividade, é analisarmos essas vivencias articulando com o aporte teórico estudado, buscando construirmos o nosso posicionamento crítico reflexivo, amadurecendo o nosso olhar, a nossa escrita acadêmica, assim como a nossa postura discente, profissional e como sujeitos parte da engrenagem da máquina social.