terça-feira, 12 de junho de 2018

Piaget, Vygotsky e Wallon algumas considerações


Resultado de imagem para PIAGET vygotsky e wallon As concepções de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon, apesar de algumas diferenciações, apresentam de certo modo alguns aspectos semelhantes. A exemplo, temos a maneira na qual compreendiam as crianças, como um sujeito com capacidades cognitivas que lhes permitiam a ser ativas, atentas e pensantes em seu ambiente. Ambos teóricos defendiam a importância da socialização e da interação do indivíduo com o objeto de aprendizagem.
Para Piaget, no entanto o desenvolvimento humano se dava por etapas, períodos ou estádios: sensório-motor (entre 0-2 anos), pré-operatório(entre 2-6 anos), operatório concreto(entre 7-11 anos) e operatório formal(inicia-se por volta dos 12 anos), entretanto a faixa etária que compreende cada qual, pode ser variável, sendo que a passagem para a etapa posterior se dá somente após a completa formação da primeira. Assim podemos entender que cada fase dessa evolução é marcada por esquemas endógenos subsequentes o que Piaget determinou de embriologia mental. Entretanto, apesar de essa embriogênese terminar apenas na fase adulta, totalizando um contexto biológico e psicológico, diferentemente das faculdades biológicas, essas fases não desabrocham ao longo da vida do indivíduo, elas não são previstas. Isto é, nem todos os seres humanos alcançarão todas as etapas do desenvolvimento mental, pois elas dependem das exigências impelidas pelo meio, isso quer dizer que o meio estimula as estruturas mentais, que o avanço acontece a partir da necessidade de raciocinar sobre o objeto proposto.
O trabalho de Montoya nos leva a entender que na teoria piagetiana o desenvolvimento psíquico do ser humano acontece basicamente pelo processo de desequilibração e equilibração.Desse modo, no momento em que o sujeito se vê diante de uma nova situação de aprendizagem, desequilibra-se, sentindo então a necessidade de retomar o equilíbrio. A partir desse episódio tem início o processo da assimilação do novo, que por meio da interação há a apropriação desse elemento, provocando transformações nas estruturas mentais do sujeito, desse modo inicia-se o processo de acomodação, que aos poucos alcança certa organização.  Com a internalização desse acontecimento, tem principio a adaptação externa do indivíduo, que logo irá se deparar com um novo desequilíbrio, num contínuo movimento dialético. Essa atividade interna pode ser motivada pela curiosidade, necessidade, dúvida, entre outros, fazendo-se condição essencial a aquisição de novas cognições.
Dessa forma, Piaget credita a circunstância da aprendizagem com maior peso a essa movimentação interna, ou seja, está subordinada ao desenvolvimento, já que defendia que só era possível o alcance de um determinado conhecimento se as estruturas mentais tivessem condições para tal, em vista disso, minimizando o papel da interação social nesse processo.
Já Lev Vygotsky defendia que o pensamento era moldado pelas condições externas, sendo assim para ele a historicidade, a cultura, as relações sociais, determinavam profundamente o modo de pensar. Ou seja, se para Piaget a criança é quem age sobre o meio estruturando o seu pensar, para Vygotsky o meio é o responsável pela maneira como a criança formula o seu raciocínio, nos deixa claro que são dois pontos de vista baseados na interatividade do sujeito.
Desse modo, Vygotsky acreditava que o desenvolvimento cognitivo é mediado pela proposta do contato social, através de símbolos representantes de uma cultura. Toda via essa internalização de significados que vão tomando forma e organizando o psíquico, não é linear e acontece de forma diferente para cada sujeito, pois é constituída por experiências individuais. O teórico desenvolveu um reconhecido trabalho a respeito da formação de conceitos no psiquismo humano, são eles: Os de senso comum que estão relacionados as atividades e vivencias da vida cotidiana, formulados sem qualquer prova científica; E os de senso formal, baseados em conceitos científicos formais, testados, organizados e comprovados de acordo com os critérios da ciência, são transmitidos ao longo da vida pela escola, livros e outras experiências de natureza culta, no qual vão aos poucos sendo incorporados pelo senso comum do indivíduo.
O avanço em a sua teoria deu-se sobre a ideia de zonas de desenvolvimento, seriam a real que é baseada em conceitos já dominados pelo sujeito e a Zona de Desenvolvimento Proximal que é reservada a aquisição de novos conhecimentos, é uma parte em potencial e que é sempre ampliada a medida que em se aprende, sendo assim o percurso cognitivo está sempre em movimento.
O que Henri Wallon inovou, de certo ponto de vista, ao levar a criança por inteiro para dentro da sala de aula, ao associar as emoções ao conhecimento. A sua teoria pedagógica fez clara oposição aos métodos tradicionais de ensino, apontando uma relação estreita entre a afetividade e o desenvolvimento intelectual. Como um humanitário Wallon sinalizou um aparente mundo subjetivo que envolve os aspectos cognitivos do ser humano, composto por um somatório de sentimentos desenvolvidos a partir das relações interpessoais estabelecidas desde a mais tenra idade, caracterizando um ser essencialmente social.
O que podemos compreender melhor, considerando que:
Ao apontar a base orgânica da afetividade, a teoria walloniana resgata o orgânico na formação da pessoa, ao mesmo tempo em que indica que o meio social vai gradativamente transformando esta afetividade orgânica, moldando-a e tornando suas manifestações cada vez mais sociais. (FERREIRA e ACIOLY-RÉGNIER, 2010, p.26)

As crises sociais e instabilidades políticas que marcaram a sociedade da época fundamentaram a postura do teórico e ativista político frente às concepções pedagógicas. Refletiram no seu modo de interpretar o sistema educacional, entendendo o papel da escola na composição da sociedade, bem como a sua conduta na compreensão de um sujeito em pleno desenvolvimento. Ao valorizar as emoções Wallon pensava em um sujeito em sinergia com o meio e na escola como um ambiente onde a afetividade, o movimento e o próprio espaço físico se encontravam em comunhão.
Assim como Piaget, também defendia o desenvolvimento humano em fases, no entanto sem estabelecer faixa etária, acreditava no sincronismo da evolução psíquica e biológica. A vista disso, Wallon entendia as emoções como essencialmente originárias desse processo orgânico, por assim dizer, a afetividade surgiria como uma necessidade de resposta ao mundo, à medida que o sujeito interage com o ambiente a sua volta, com o outro, é solicitado a responder positiva ou negativamente.
Dessa maneira, podemos entender, de acordo com FERREIRA e ACIOLY-RÉGNIER: “Assim, em Wallon, a cognição, como a afetividade, brota das entranhas orgânicas e vai adquirindo complexidade e diferenciação na relação dialética com o social.” (2010, p.28)
Considerando as três correntes teóricas é possível concluir que a sua compreensão têm significativa importância para a educação, já que elucidam todo o processo de aprendizagem reservando ao professor o importante papel de mediador. Logo, podemos compreender que tanto a Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, como a lei de Equilíbrio e Desequilíbrio de Piaget, bem como a relação intrínseca entre a afetividade e o desenvolvimento cognitivo proposta por Wallon, trabalham com a possibilidade da formulação de hipóteses, com a problematização do contexto propício ao conhecimento e privilegiam a interação como condição essencial a evolução. Visão essa, que evidencia o protagonismo do aluno na construção do conhecimento, estreita a relação entre educando e educador e delega a escola o importante papel de concentrar a sua ação em uma relação dialética e humanista com esses sujeitos. 


Referências:
FERREIRA, A.L; ACIOLY-RÉGNIER, N.M. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Educ. rev. n. 36, p. 21-38, Curitiba 2010.  
MONTOYA, Adrián Oscar Dongo. Pensamento e linguagem: percurso piagetiano de investigação. Psicol. estud., Maringá, v. 11, n. 1, abr. 2006

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