Segundo Karnal: “A vontade de definir o meu eu em um eu absoluto é uma marca da contemporaneidade”.
Refletindo sobre o bomm da comunicação virtual e de informações instantâneas e o seu impacto em nossa realidade, concordo com as explanações de Leandro Karnal, principalmente quando sugere que estamos vivendo um período de individualismo, egocentrismo, onde prevalece o eu. Pode-se dizer que a ambição e a permanente busca pelo poder, paradoxalmente nos evoluíram socialmente em valores materiais, entretanto nos confrontam com um retrocesso moral, suprimindo os valores coletivos pelos desejos individuais. E de certa forma, ainda que irreal, o mundo virtual cria uma sensação de liberdade ao passo que uma falsa ilusão de empoderamento, nos deixando prisioneiros da realidade que desejamos e em muitos casos nos excluindo do que realmente somos. Podemos ter a quantidade de amigos que queremos sem assumirmos nenhum compromisso, se algo nos desagrada o fim dessa amizade pode se resumir a um impiedoso e excludente click' em delete. Assim reinventamos a nossa realidade e a realidade dos fatos e estas passam a adquirir veracidade a partir do momento em que eu acredito nelas.
Não por coincidência que a palavra idiota tem sua origem etimológica no grego idios que significa privado, individual. No entanto, apesar de e a internet dar voz a todos sem distinção, talvez por esse motivo seja considerada um mecanismo democrático e de disponibilizar o acesso a todo o tipo de informação, ela não ensina a refletir, elemento importantíssimo a construção do saber, a seleção do que é verdadeiro ou falso, bom ou ruim. E assim, de acordo com a fala de Karnal, a internet tanto quanto o martelo é apenas uma técnica neutra, a sua finalidade dependerá dos objetivos de quem a maneja.
Assim se pensarmos que a reflexão precede um raciocínio crítico e sistemático, no qual não foi proposta pela educação bancária, na visão freiriana, uma relação vertical entre o educador e o educando que por muito tempo foi desenvolvida, intencionalmente ou não, nas escolas. Um modelo educacional que compreendia o aluno como o objeto que recebe o conhecimento, formando dessa forma indivíduos acomodados e submissos, pois conforme coloca Chauí no texto “O Ato de Estudar”: “(...) a crítica não traz conteúdos prévio, mas é descoberta de conteúdos escondidos, então ela é muito perigosa...”
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