quinta-feira, 14 de junho de 2018

Resenha do texto Alfabetização de Jovens e Adultos: ainda um desafio

Coloco em destaque neste post a atividade realizada para a interdisciplina de Educação de Jovens e Adultos no Brasil, trata-se de uma breve síntese do texto, mencionado acima, da Professora Regina Hara :

O texto de Regina Hara, com ideias fundamentadas nas concepções de Paulo Freire, Emília Ferreiro e Ana Teberosky, nos propõe uma reflexão que vai além do estudo da psicogênese da língua escrita, nos permitindo uma análise socializadora, elevando a nossa concepção política a respeito de toda a conjuntura que envolve a alfabetização de jovens e adultos.
Tais teóricos, “(...) tomam o homem como sujeito cognoscente e construtor de seu conhecimento.” (HARA, 1992, p.04). E seus estudos apontam que assim como as crianças o indivíduo adulto não alfabetizado também traz consigo toda uma bagagem de entendimento que se pode relacionar ao código escrito, mesmo sem conseguir compreendê-lo propriamente, não é um ser vazio de conhecimentos a esse aspecto, já que consegue fazer associações e formular hipóteses, agregando vários elementos das suas vivências. Desse modo a autora aborda em seu texto a relevância da atuação docente considerar esses conhecimentos como princípio do processo aquisição da linguagem escrita, ao invés de ignorá-los concebendo esses sujeitos como iletrados.
Para tanto, Hara salienta que não basta por intermédio de uma leitura sistemática do método freireano propor um desafio, que denomina de simplista, escolhendo palavras relacionadas ao cotidiano dos alunos e achar que a eficiência consiste em decodificá-las e a partir delas construir novas. Podemos entender que é preciso mais para compreender e agir significativamente sobre o universo desse aluno, há de se levar em conta o respeito por sua historicidade e cultura, bem como o seu entendimento acerca de mundo e o que o levou a buscar a escolarização.
Visto que podem ser muitas as adversidades enfrentadas no dia a dia de uma sala de aula da EJA, tanto de ordem sociopolítica, econômica e estrutural, mesmo quanto às ações pedagógicas empreendidas no processo de alfabetização e construção do conhecimento. A autora nos coloca ainda, que de acordo com as pesquisas de Emilia Ferreiro, para o aluno adulto assim como as crianças a aprendizagem da escrita é conceitual, sendo construída nas relações do sujeito com o meio, portanto podemos entender que é abstrata e individual é um processo de entendimento particular que passa por diversas etapas cognitivas, desse modo constitui-se em próprio de cada um.
Regina Hara também destaca o seguinte: “(...) não é o método que se elege que promove a alfabetização, mas é todo um conjunto de conhecimentos e a postura intelectual que adotamos com relação aos sujeitos e ao objeto da aprendizagem.” (1992, p. 7) O que vem a contemplar de modo elucidativo os argumentos colocados até agora, sabendo que o processo de alfabetização não se trata de decodificar mecanicamente a escrita e sim de compreender todo o processo histórico que a envolve.
Finalizando, podemos compreender esse desafio, em síntese, partindo do entendimento de que o estudante da EJA que ainda não domina o código escrito é do mesmo modo um sujeito ativo no seu processo de aprendizagem, apresentando igualmente expectativas e noções do seu lugar no mundo, não é abstraído de conhecimento algum. Portanto a ação didática deve considerar quem são esses indivíduos, de forma desprendida de concepções preestabelecidas e até preconceituosas, para que a prática que comumente já esbarra em problemas de ordem administrativa, institucional e social, possa de modo consciente e analítico contribuir não somente com a alfabetização dos educandos, mas com a constituição de sujeitos epistêmicos, críticos e emancipados.

Referências:
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.

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