Encerrando o semestre com o clássico do Pink Floyd, que de forma provocante, ao melhor estilo rock and roll, retrata o ponto culminante da educação tradicional, pedagogia diretiva. Que por sua vez, ignorava a singularidade de cada indivíduo, tentando massificar o pensamento como se pessoas fossem produtos. No entanto apesar desse contexto ser diferente do atual cenário educacional, essa linha conservadora ainda tem raízes remanescentes, mesmo que num grau menos agressivo mas não menos prejudicial, retardando o desenvolvimento social de países que seguem as políticas neoliberais, por exemplo. Que entendem a escola como uma mera fábrica para a mão de obra, abortando a autonomia e o pensamento crítico tão essenciais a promoção da cidadania.
domingo, 10 de dezembro de 2017
sábado, 9 de dezembro de 2017
DISTINTAS INFÂNCIAS
ROTEIRO (Filme produzido para a Interdisciplina Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História)
Alunas: Alessandra Thornton e Daniela Paixão
Título:
DISTINTAS INFÂNCIAS
DISTINTAS INFÂNCIAS
Sinopse:
Uma menina indígena e um típico menino urbano têm as suas vidas ligeiramente
cruzadas sem conhecer-se, pois vivem em distintas infâncias.
Uma menina indígena e um típico menino urbano têm as suas vidas ligeiramente
cruzadas sem conhecer-se, pois vivem em distintas infâncias.
Desenvolvimento:
Sol ardente lá fora,
grande movimentação nas ruas, trânsito lento, mas em seu pequeno espaço (caixote/quarto)
ele está desligado da realidade a sua volta, precisa freneticamente avançar de
fase em seu jogo no videogame, é assim que Felipe costuma passar as suas
tardes. Pela manhã vai à escola, toma o café da manhã rapidamente com sua mãe, a
Van escolar lhe pega em frente ao seu edifício, durante todo o percurso,
utilizando fones de ouvido, Felipe vai vidrado em seu celular perpassando entre
músicas, vídeos e mensagens no wattszapp. Há apenas um momento no trajeto que
ele volta a sua atenção para a janela é quando a Van passa por uma pequena
praça fazendo a curva para entrar na rua da sua escola, sempre fica curioso,
pois todos os dias naquele mesmo lugar está uma menina, de traços tipicamente
indígenas, sentada envolta de algumas cestas de vime ao lado de uma senhora
aparentando ser sua mãe. Fica a indagar-se o porquê de ela estar ali e não na
escola como ele.
grande movimentação nas ruas, trânsito lento, mas em seu pequeno espaço (caixote/quarto)
ele está desligado da realidade a sua volta, precisa freneticamente avançar de
fase em seu jogo no videogame, é assim que Felipe costuma passar as suas
tardes. Pela manhã vai à escola, toma o café da manhã rapidamente com sua mãe, a
Van escolar lhe pega em frente ao seu edifício, durante todo o percurso,
utilizando fones de ouvido, Felipe vai vidrado em seu celular perpassando entre
músicas, vídeos e mensagens no wattszapp. Há apenas um momento no trajeto que
ele volta a sua atenção para a janela é quando a Van passa por uma pequena
praça fazendo a curva para entrar na rua da sua escola, sempre fica curioso,
pois todos os dias naquele mesmo lugar está uma menina, de traços tipicamente
indígenas, sentada envolta de algumas cestas de vime ao lado de uma senhora
aparentando ser sua mãe. Fica a indagar-se o porquê de ela estar ali e não na
escola como ele.
Na escola, apesar de
ser um típico garoto de dez anos de idade, da cidade grande, Felipe é retraído
e não tem muitos amigos. No que a própria sala de aula estruturadamente
delimitada encarrega-se de favorecer. Tempos atrás a professora demonstrou
certa preocupação com sua aprendizagem ao relatar a sua mãe que não está
correspondendo ao esperado, o seu comportamento tem se modificado e as suas
notas estão em declínio, aconselhou inclusive um acompanhamento psicológico.
ser um típico garoto de dez anos de idade, da cidade grande, Felipe é retraído
e não tem muitos amigos. No que a própria sala de aula estruturadamente
delimitada encarrega-se de favorecer. Tempos atrás a professora demonstrou
certa preocupação com sua aprendizagem ao relatar a sua mãe que não está
correspondendo ao esperado, o seu comportamento tem se modificado e as suas
notas estão em declínio, aconselhou inclusive um acompanhamento psicológico.
Há alguns meses, o seu
avô foi instalado em uma casa geriátrica, a sua mãe lhe disse que já não havia
mais condições de ele morar ali, pois já estava apresentando alguns sinais de
avanço do Alzheimer e ela não conseguiria dar conta de atendê-lo. Entretanto o
seu avô era a única pessoa a lhe dar atenção, importava-se em brincar e
conversar com ele durante as tardes ociosas e agora não tinha mais ninguém. Mal
via o seu pai, este havia ido embora de casa, quando Felipe tinha apenas um ano,
e assumido outra família. Desde então a sua mãe esforçava-se para manter a
família, trabalhava arduamente como balconista em uma farmácia, dava o seu
melhor, mas mal conseguia lhe voltar à atenção, além de passar muitas horas
longe de casa no trabalho, tinha que cuidar sozinha dos afazeres domésticos.
avô foi instalado em uma casa geriátrica, a sua mãe lhe disse que já não havia
mais condições de ele morar ali, pois já estava apresentando alguns sinais de
avanço do Alzheimer e ela não conseguiria dar conta de atendê-lo. Entretanto o
seu avô era a única pessoa a lhe dar atenção, importava-se em brincar e
conversar com ele durante as tardes ociosas e agora não tinha mais ninguém. Mal
via o seu pai, este havia ido embora de casa, quando Felipe tinha apenas um ano,
e assumido outra família. Desde então a sua mãe esforçava-se para manter a
família, trabalhava arduamente como balconista em uma farmácia, dava o seu
melhor, mas mal conseguia lhe voltar à atenção, além de passar muitas horas
longe de casa no trabalho, tinha que cuidar sozinha dos afazeres domésticos.
A vida aprisionada e
solitária de Felipe, uma criança de dez anos que passa horas em frente ao vídeo
game, sem muitas oportunidades de explorar diversas vivências relacionadas ao
brincar é uma condição freqüente na atualidade, assim como o isolamento de pessoas
idosas.
solitária de Felipe, uma criança de dez anos que passa horas em frente ao vídeo
game, sem muitas oportunidades de explorar diversas vivências relacionadas ao
brincar é uma condição freqüente na atualidade, assim como o isolamento de pessoas
idosas.
Há alguns quilômetros
da escola de Felipe, em suas tardes, Naná aos nove anos de idade corria livre
pela reserva indígena, o seu lar, correspondendo em torno de 25 hectares de
terra onde vivem dezesseis famílias, ao centro têm uma grande área livre
própria para as suas reuniões, algumas singelas casas bem distribuídas, um
pequeno açude e algumas árvores frutíferas. Nas proximidades da aldeia também
tem uma escola, com peculiaridades próprias, dentre as quais está o fato de não
possuir divisões ou as limitadoras classes enfileiradas, as crianças sentam-se
livremente normalmente em círculo, os horários são flexíveis, há professores
indígenas e não indígenas e a alfabetização se dá em duas línguas a materna e o
português.
da escola de Felipe, em suas tardes, Naná aos nove anos de idade corria livre
pela reserva indígena, o seu lar, correspondendo em torno de 25 hectares de
terra onde vivem dezesseis famílias, ao centro têm uma grande área livre
própria para as suas reuniões, algumas singelas casas bem distribuídas, um
pequeno açude e algumas árvores frutíferas. Nas proximidades da aldeia também
tem uma escola, com peculiaridades próprias, dentre as quais está o fato de não
possuir divisões ou as limitadoras classes enfileiradas, as crianças sentam-se
livremente normalmente em círculo, os horários são flexíveis, há professores
indígenas e não indígenas e a alfabetização se dá em duas línguas a materna e o
português.
Naná é uma criança
muito alegre e expressiva adora jogos e desafios, que naquele lugar parece
favorecer não só a competição, mas a confraternização tem um relevante
destaque. Mesmo com o crescente acesso a brinquedos prontos e as tecnologias,
as brincadeiras locais não ficam esquecidas. Destaca-se em um jogo característico,
com o nome de Buso criado a partir de sementes e com regras peculiares,
confeccionar brinquedos com bambu, jogar futebol, correr, pular subir em
árvores, banhar-se no açude na companhia de outras crianças também estão dentre
as suas brincadeiras favoritas. Lá as brincadeiras misturam-se, algumas tem a
preferência das meninas e outras dos meninos, mas por diversas vezes brincam juntos. Aliás, brincar é algo
que as crianças de lá fazem quase que em tempo integral, vivem experiências
lúdicas mesmo quando estão entre adultos participando de alguma atividade
importante para a comunidade.
muito alegre e expressiva adora jogos e desafios, que naquele lugar parece
favorecer não só a competição, mas a confraternização tem um relevante
destaque. Mesmo com o crescente acesso a brinquedos prontos e as tecnologias,
as brincadeiras locais não ficam esquecidas. Destaca-se em um jogo característico,
com o nome de Buso criado a partir de sementes e com regras peculiares,
confeccionar brinquedos com bambu, jogar futebol, correr, pular subir em
árvores, banhar-se no açude na companhia de outras crianças também estão dentre
as suas brincadeiras favoritas. Lá as brincadeiras misturam-se, algumas tem a
preferência das meninas e outras dos meninos, mas por diversas vezes brincam juntos. Aliás, brincar é algo
que as crianças de lá fazem quase que em tempo integral, vivem experiências
lúdicas mesmo quando estão entre adultos participando de alguma atividade
importante para a comunidade.
A menina também
acompanha a sua mãe na venda e confecção de artesanatos tais como tecelagens e
pinturas, além de participar de afazeres como ralar a mandioca, preparar a
farinha, dentre outras atividades no qual as mulheres da aldeia são habilmente encarregadas.
Na aldeia desde pequenas as crianças apropriam-se de algumas responsabilidades
concernentes aos adultos participando de quase todas as atividades aprendendo
técnicas e conhecimentos, esse processo é entendido como uma importante manutenção
e fortalecimento da sua cultura e dos seus costumes, valorizam-no como forma de
proteção e constituição da identidade.
acompanha a sua mãe na venda e confecção de artesanatos tais como tecelagens e
pinturas, além de participar de afazeres como ralar a mandioca, preparar a
farinha, dentre outras atividades no qual as mulheres da aldeia são habilmente encarregadas.
Na aldeia desde pequenas as crianças apropriam-se de algumas responsabilidades
concernentes aos adultos participando de quase todas as atividades aprendendo
técnicas e conhecimentos, esse processo é entendido como uma importante manutenção
e fortalecimento da sua cultura e dos seus costumes, valorizam-no como forma de
proteção e constituição da identidade.
A mãe muito carinhosa e de olhar firme é a
principal referência adulta para Naná, as duas são muito unidas, assim como ela
a sua avó, que sabiamente lhe falava, lhe inspiram conforto e segurança. No
entanto na aldeia cada criança é entendida como de responsabilidade de todos os
adultos, prudentemente todos compreendem que cada gesto e diálogo as preparam
para a vida e consequentemente educam, buscam viver em uma perfeita integração
onde cada um dá a sua contribuição e todos se auxiliam mutuamente, inclusive
compreendendo o valor da natureza para a preservação da sua cultura.
principal referência adulta para Naná, as duas são muito unidas, assim como ela
a sua avó, que sabiamente lhe falava, lhe inspiram conforto e segurança. No
entanto na aldeia cada criança é entendida como de responsabilidade de todos os
adultos, prudentemente todos compreendem que cada gesto e diálogo as preparam
para a vida e consequentemente educam, buscam viver em uma perfeita integração
onde cada um dá a sua contribuição e todos se auxiliam mutuamente, inclusive
compreendendo o valor da natureza para a preservação da sua cultura.
Apesar de Naná sofrer
com os olhares inquisidores ou indiferentes que a vêem sentada junto de sua mãe,
na praça em meio à cidade movimentada, entende que são lançados por quem
desconhece a riqueza de sua resistente cultura ou não compreendendo as suas
especificidades. Ela aos poucos assimila a complexidade do mundo a sua volta, a
segregação lhe parece estranha e incompreensível, mas o seu sorriso deixa
transparecer a alegria de uma criança que sabe que é amada por sua família.
com os olhares inquisidores ou indiferentes que a vêem sentada junto de sua mãe,
na praça em meio à cidade movimentada, entende que são lançados por quem
desconhece a riqueza de sua resistente cultura ou não compreendendo as suas
especificidades. Ela aos poucos assimila a complexidade do mundo a sua volta, a
segregação lhe parece estranha e incompreensível, mas o seu sorriso deixa
transparecer a alegria de uma criança que sabe que é amada por sua família.
Referências
BERGAMASCHI,
Maria Aparecida; GOMES, Luana Barth. A
TEMÁTICA INDÍGENA NA ESCOLA: ensaios de educação intercultural. UFRGS.
Currículo sem Fronteiras, v.12, n.1, pp. 53-69, Jan/Abr 2012.
Maria Aparecida; GOMES, Luana Barth. A
TEMÁTICA INDÍGENA NA ESCOLA: ensaios de educação intercultural. UFRGS.
Currículo sem Fronteiras, v.12, n.1, pp. 53-69, Jan/Abr 2012.
FERREIRA,
Bruno. EDUCAÇÃO KAIAGANG: Processos
Próprios de Aprendizagem e Educação Escolar. FACED/UFRGS. Porto Alegre
20014.
Bruno. EDUCAÇÃO KAIAGANG: Processos
Próprios de Aprendizagem e Educação Escolar. FACED/UFRGS. Porto Alegre
20014.
RODRIGUES,
Lilian Beatriz Schwinn; BELTRAME, Lisaura Maria. A CRIANÇA KAINGANG E SEUS BRINCARES. UNOCHAPECÓ. Curitiba 2013.
Lilian Beatriz Schwinn; BELTRAME, Lisaura Maria. A CRIANÇA KAINGANG E SEUS BRINCARES. UNOCHAPECÓ. Curitiba 2013.
Diversidade e Preconceito na Escola
No ambiente escolar mesmo
havendo o discurso da necessidade de abraçar a diversidade e de quebrar paradigmas
(o rótulo, combatendo o bulling, o sexismo) também não está isento de
interferências de conceitos próprios, pré-conceitos particulares explícitos ou
não, tanto dos professores como da própria instituição em si, tendo em conta
que o próprio calendário de datas comemorativas escolares é tendencioso e não
representa toda a nossa sociedade. A escola é uma instituição socializadora e
de representatividade social, onde muitas questões enraizadas de cunho ético,
moral, cultural e religioso são colocadas em cheque, também é um espaço de
confrontos de ideias e princípios, do enfrentamento de questões externas que
transpõem o seu interior.
No que diz respeito à
inclusão de pessoas com deficiência a nossa sociedade está a passos lentos
tentando compreendê-las e inseri-las em diversos âmbitos, tentativa essa que se
configurou apenas após o enfrentamento de muitas lutas no que tange a concessão
de direitos e da garantia do pleno exercício da cidadania por parte dessas
pessoas. O que não significa que já se tenha concretizado, que a luta acabou ou
que é somente de um pequeno grupo.
Em se tratando dos professores se pensarmos
que assim como cada aluno eles também se constituem sujeitos históricos
representantes de toda uma sociedade que ainda tem raízes no preconceito fica
fácil compreender, uma postura talvez desajeitada, no enfrentamento do novo e ao
lidar com questões que fogem a sua plena compreensão ou que confrontem o seu
conhecimento prévio. Por esse motivo talvez, muito também decorrente das suas
próprias vivências, das suas emoções externadas no campo da experiência com o
diferente, é que apareçam termos inadequados ao referir-se a alunos com
necessidades educacionais especiais ou até mesmo a tentativa de enquadrá-los em
um perfil estigmatizado desrespeitando a singularidade de cada um. Como, por
exemplo, o pensamento colocado pela autora Lígia Amaral no texto “Sobre
Crocodilos e Avestruzes” ao dizer que: “se uma atividade é boa para essa pessoa
com deficiência também será boa para todas as pessoas nessas condições”. Ou até
mesmo o julgamento depreciativo no sentido de subestimar a capacidade de um
aluno, por alguma condição diferente, também é observável no ambiente escolar.
A autora Lígia Amaral também
coloca como um empecilho o
“desconhecimento
concreto e vivencial desse algo ou alguém assim como as nossas próprias reações
diante deles”. Assim penso na necessidade de se quebrar esse muro limitador que
impede a aproximação das pessoas, pensando na escola como um local de
socialização, quem sabe a complexidade da relação professor aluno, nesse
aspecto, seja exatamente o despertar da consciência da suas próprias
limitações, por parte dos professores. No caso quando nos defrontamos com um
sujeito que nos assinala a nossa própria deficiência, talvez essa barreira seja
uma auto defesa, pois é difícil para o professor assumir a postura de que ele é
quem não sabe como lidar com determinada situação, inclusive essa posição de
negação da própria inabilidade pode ser devido ao peso que carrega sozinho de
que deva ter essa competência.
Trazendo essa reflexão a
minha prática certamente já experimentei essa sensação de inaptidão, já tive
alunos que me fizeram parar e mudar de atitude, ter de buscar alternativas como
ir atrás de cursos específicos ou chamar a família para conversar, para desse
modo conseguir compreendê-lo melhor. Na prática considero que o mais relevante
seja se colocar disposto a abandonar conceitos, estar disponível a aprender
também, buscar a aproximação com os alunos estando consciente de que também tem
limitações a vencer.
Pensando assim é notório que todos têm
limitações, todos somos diferentes e essa conscientização deve ser propagada,
até mesmo por que não podemos esquecer que muitos em nossa história já sofreram
(mulheres acusadas de bruxas e deficientes foram queimados, além da escravidão
negreira, entre outros) e muitos ainda sofrem ao se depararem sozinhos com a
sua diferença, colhendo a injúria e a indiferença por parte de uma maioria sem
consciência, quantas infâncias foram e ainda serão arrebatadas pelo algoz do
preconceito. Podemos aprofundar essa reflexão com a seguinte citação de Amaral:
“(...) a presença de preconceitos e a
decorrente discriminação vivida, ainda com mais intensidade, pelos
significativamente diferentes, impedindo-os muitas vezes, de vivenciar não só
seus direitos de cidadãos, mas de vivenciar plenamente sua própria infância.”
Concluindo, o preconceito é
cruel e deve ser combatido, mas acredito que a melhor maneira de enfrentá-lo
seja conhecendo-o de perto, a sua expressão que é por vezes subliminar, quem
sabe buscando entender que todos têm limitações que podem ser transponíveis,
talvez seja o primeiro passo. Já que é possível que o preconceito encontre suas
raízes em cada um de nós também, mesmo naqueles que afirmam piamente em não
tê-lo, pois somos todos submetidos à massificação generalizada introduzida
pêlos meios midiáticos, são modelos de comportamento, padrões de beleza e
concepções que também influenciam em nossas atitudes. Resumindo, o preconceito
e o conseqüente ato discriminatório são um mal que devem ser erradicados no
âmago da nossa sociedade, erradicados de nossas cidades, de nossos bairros, da
nossa rua, das escolas, de nossos lares, dentro da convivência com nossos
familiares e do interior de nós mesmos.
Referências:
AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas,
preconceitos e sua superação. In: AQUINO, Júlio Groppa. Diferenças
e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo:
Summus, 1998. p. 11-30.
Links: https://youtu.be/RN7WMDSdQKI
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
Crash - No Limite (Trailer)
Lançado em 2005 esse instigante e dramático filme do autor/roteirista Paul Haggis tem como cenário Los Angeles / EUA, paragem de muitos imigrantes, mesmo sendo uma ficção não deixa de emocionar pelo realismo da sua narrativa. O filme aborda a temática do preconceito e da discriminação tão presentes nas distintas camadas que compõem a sociedade norte americana, por meio de histórias de vidas que se cruzam ao longo do enredo, construindo uma trama envolvente. Retratando em muitos momentos cenas não tão distantes do nosso cotidiano (Brasil), uma elite em sua maioria branca, um povo miscigenado, ambos envolvidos em situações que denotam atitudes preconceituosas, racistas, em algumas vezes explícitas e outras velada. E ainda o evidente clima de tensão, desconfiança e medo presentes na trama, revelando a falta de ética, o individualismo e a solidão.
Esse longa é capaz de provocar raiva e lágrimas ao mesmo tempo e de nos transportar ao lugar dos personagens. Direcionando o nosso olhar para o outro, com diferenças raciais, étnicas, religiosas e culturais à parte, expõe o preconceito de forma tão crua que nos leva a refletir: Quem não é, ou já foi, preconceituoso em algum momento? Será que realmente nos conhecemos? Será que basta se dizer não preconceituoso? Quem é verdadeiramente bom ou mau? Conseguimos ser éticos em todas as nossas atitudes?
Uma vez que, esse semestre trouxe a tônica a amplitude das relações humanas, abordando a diversidade, o preconceito e questões como a ética e a moral, considerei interessante correlacionar com esse filme, que por vezes nos permite divagar pelas implicações sociais e inclusive ver o outro refletido em nós mesmos.
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
Método Clínico Piagetiano
Nessa segunda-feira 20/11 tivemos o primeiro encontro presencial da interdisciplina de Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia II, foi um momento de exposição da proposta de trabalho que consistia na aplicação do Método Clínico Piagetiano. Para tanto foram produzidos vídeos da tarefa que foi realizada em duplas.
Elaborado por Jean Piaget, o Método Clínico que se traduz na aplicação das provas de diagnóstico do nível operatório, configuram-se em interessantes e geniais instrumentos de pesquisa objetivando investigar o nível do desenvolvimento cognitivo da criança, ou seja o que acontece do ponto de vista psíquico na relação sujeito - objeto. Através do qual é possível obter uma hipótese de como a criança constrói o seu raciocínio, inclusive pela possibilidade que o condutor tem de propor um desequilíbrio no modo de pensar da criança, provocando a reflexão.
Entretanto,
a sua precisão e eficiência dependem da administração do condutor que deve ter
o cuidado de não interferir, de maneira nenhuma, nas respostas da criança, além
de certificar-se que ninguém ao redor fará o mesmo. Talvez seja esse o aspecto mais relevante, tendo em vista que exige um suficiente conhecimento e segurança na
aplicação da prova, além da consciência de que o próprio pesquisador também é parte integrante do objeto de pesquisa. Essa análise deve ser feita minunciosamente, de modo que o condutor da prova registre detalhadamente o desenrolar do processo para que se possa fazer a correta interpretação da conduta.
Desse modo, a mostra de vídeos foi uma excelente forma de identificarmos, junto com os professores, aspectos decisivos na nossa conduta, na aplicação das provas, que precisam ser corrigidos. Foi surpreendente a perspicácia das crianças, nos causando momentos embaraçosos.
Por fim também foi possível nos apropriarmos de importantes conceitos, aqui colocados, para que aconteça a correta aplicação das referidas provas. Mais usual na Psicopedagogia, esse método quando corretamente aplicado pode ser bem-sucedido nas escolas, fornecendo importantes subsídios ao professor para lidar com questões relativas a aprendizagem dos alunos. Esclarecendo que não se trata de uma medição de QI, mas da coleta de dados, de uma pesquisa que pode ser muito útil para que o professor conheça melhor o seu aluno, o seu modo de pensar. Para que o professor possa atuar como pesquisador, formulando hipóteses que irão colaborar com o seu fazer pedagógico e com a elaboração de novas estratégias didáticas.
Desse modo, a mostra de vídeos foi uma excelente forma de identificarmos, junto com os professores, aspectos decisivos na nossa conduta, na aplicação das provas, que precisam ser corrigidos. Foi surpreendente a perspicácia das crianças, nos causando momentos embaraçosos.
Por fim também foi possível nos apropriarmos de importantes conceitos, aqui colocados, para que aconteça a correta aplicação das referidas provas. Mais usual na Psicopedagogia, esse método quando corretamente aplicado pode ser bem-sucedido nas escolas, fornecendo importantes subsídios ao professor para lidar com questões relativas a aprendizagem dos alunos. Esclarecendo que não se trata de uma medição de QI, mas da coleta de dados, de uma pesquisa que pode ser muito útil para que o professor conheça melhor o seu aluno, o seu modo de pensar. Para que o professor possa atuar como pesquisador, formulando hipóteses que irão colaborar com o seu fazer pedagógico e com a elaboração de novas estratégias didáticas.
domingo, 19 de novembro de 2017
A Dialógica de Freire: Breves Reflexões
Paulo Freire nos situava do
dever de compreendermos que somos sociais em essência e carregados de história,
sujeitos em contínuo processo de evolução, portanto inconclusos ou inacabados,
como ele denominou. Freire salienta ainda que a indispensabilidade da Educação
reside justamente nessa constante busca, na nossa necessidade de aprender e assim
evoluir que a natureza nos reclama.
Trata-se do despertar da
nossa consciência para a própria substancialidade de progresso que torna
possível a nossa educação, ao estar ciente das nossas fragilidades procuramos
meios de nos superarmos, cientes também de que o saber é uma conquista sem
limites, mas que é preciso buscá-lo. Seria a busca motivada pela curiosidade, o
desejo de descobrir que alimenta o conhecimento, este se estrutura nas
experiências coletivas e individuais tanto nos espaços formativos formais como
nos não formais conectados pelo diálogo relacional.
A partir do texto de Paulo Freire (2000): "À Sombra desta
mangueira” é possível concluir que somos
capazes de aprender em diversas situações e contextos, o que determina a
possibilidade de alcance ao conhecimento é a postura mental empregada frente às
circunstâncias. Compreender inclusive, que a dialogicidade é um importante
princípio educativo para a pedagogia interacionista, significativo na
construção do conhecimento. Tendo em vista que compreende o ato de agir e a
reflexão sobre essa ação, sendo por meio da qual percebemos o mundo,
compreendemos a nossa historicidade, a história que é construída coletivamente
e contribuímos com essa construção, ou seja, é o elemento promotor da
interação, o que nos torna sociais.
Transtornos Globais do Desenvolvimento
As discussões
apresentadas nos vídeos propostos pela iterdiscipina de Educação de Pessoas com
necessidades Educacionais Especiais, nos traçam um caminho bastante desafiador
no campo da educação inclusiva, o que é produtivo, pois sabemos que precisamos
avançar e muito no nosso sistema educacional, tendo em vista as próprias
dificuldades que encontramos no dia a dia dentro de uma escola. Temos de lidar
com falta de professores, carga horária sobrecarregada, falta de horas de
planejamento de aula, falta de materiais, de sala de recursos, entre outras
questões que permeiam o ambiente escolar, portanto educar toda uma pluralidade
de sujeitos que se apresentam, em um mesmo contexto escolar é sem dúvida um
grande desafio. Tanto os vídeos quanto a leitura disponibilizados atentam para
a importância do processo de socialização, o que segundo Camargo e Bosa (2009):
”(...) o sucesso da constituição psíquica do
indivíduo depende, primordialmente, do processo de socialização”.
Para que esse processo flua de maneira
benéfica para todos no ambiente é necessário que as singularidades sejam
respeitas. Que no caso de crianças com necessidades educacionais diferenciadas,
como os autistas, por exemplo, faz-se indispensável que o professor busque se
utilizar de estratégias para a comunicação ampliada. A ênfase deve ser nas competências, capacidades e potencialidades do educando e não na busca
por um diagnostico, que assim como colocado nas entrevistas rotula e acaba
impedindo muitas vezes a espontaneidade na relação professor
aluno-aluno. O que inclusive as psicólogas e mestres em educação Caroline e
Consuelo chamam a atenção, também, para o fato de em muitos momentos os manuais
se constituírem um entrave no fazer e no saber espontâneo de professores e
pais. Nesse aspecto acredito que essa procura por diagnósticos e manuais em
como lidar com uma criança com transtorno global do desenvolvimento, deva-se
pelo fato da insegurança que aflige a pais e professores, pois muitas vezes
sentem-se perdidos por não conseguirem alcançar essa criança, penetrar em seu
mundo. Vejo que essa nem sempre é uma tentativa de rotular e sim uma maneira de
tentar buscar um campo seguro para que se possa atuar com eficiência.
No entanto, achei interessante também o fato
das entrevistadas terem pontuado a questão de que “a escola precisa apropriar-se do seu fazer barrando um pouco as interferências vindas da
psicologia e medicina” e de que “é preciso muita reflexão sobre o não saber,
que esta sempre em construção”. Concluindo, pautada nessa análise a escola deve
se estruturar de modo a atender a todos, abrangendo a diversidade, oferecendo
uma proposta de ensino que compreenda a todo o grupo ao passo em que considere
as necessidades individuais, principalmente daqueles que vivem na companhia do
risco eminente da exclusão.
sábado, 28 de outubro de 2017
ENTENDENDO A INCLUSÃO
Refletindo
o texto da Professora Izabel Maior é possível compreender que apesar da
diversidade constituir-se uma marca da humanidade as pessoas que se diferenciam
de um grupo dominante, onde normalmente há a supervalorização de determinadas
capacidades, sempre sofreram com a segregação, a exclusão e com outras
demonstrações de intolerância e preconceito. O que ainda hoje, apesar desse ser
um assunto amplamente discutido e da ocorrência efetiva de muitos avanços pelo
viés do combate as desigualdades e da concessão de direitos como o da
acessibilidade e de leis que punem atitudes extremas de discriminação, ocorre
que há a necessidade de se cobrar a implementação desses direitos e de dar
continuidade as narrativas emancipadoras nas escolas, bem como as políticas e
discussões que compreendam aos grupos em situação de vulnerabilidade.
A
autora ainda destaca em seu texto que as pessoas com “deficiência” correspondem
ao maior grupo minoritário do mundo, o que justifica a atenção voltada para
essa categoria, como o pleito de direitos em favor da inclusão. Que por
tratar-se de indivíduos que vem sofrendo prejuízos em sua autonomia, além de
outras questões que denotam a desigualdade por eles vivida, faz-se necessário
ainda a conceituação de graus e tipos de deficiência e de maneira ainda
classificatória a exigência de laudos.
No
âmbito educacional, com a criação de leis específicas que garantem o acesso de
todos indistintamente, houve muitos progressos como o desenvolvimento de cursos
que visam complementar a formação de professores abrangendo a temática da
inclusão. Concluindo, apesar do acesso garantido, a educação, das pessoas com deficiência e de considerar a importância
do conhecimento das suas especificidades, inclusive para desmitificar questões que possam se constituir em barreiras na aprendizagem, penso
que ainda caminhamos a passos lentos prendendo o foco na diferença, destacando
deficiências em lugar de priorizar a abrangência e a compreensão da diversidade. No entanto se essa temática é debatida e a construção desse processo está em movimento é porque a sociedade como um todo busca essa compreensão e quem sabe um dia o nosso senso de coletividade faça a real diferença que queremos, a igualdade de oportunidades e direitos.
MAIOR, Izabel. História, conceito e tipos de deficiência. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2206621/mod_resource/content/1/Hist%C3%B3ria%2C%20conceito%20e%20tipos%20de%20defici%C3%AAncia.pdf. Acessado em 28 de out. de 2017.
YOUTUBE. Deficiências e Diferenças com Izabel Maior e Benilton Bezerra. Vídeo. Publicado em 24 de jun de 2016. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=17&v=29JooQEOCvA Acesso em 28 de outubro 2017.
Sistema educacional: Pequena reflexão no âmbito da Modernidade e da Pós-Modernidade
Cansados de um mundo
centrado na crença, no autoritarismo e na tradição, passamos a ser iluminados
por ideais liberais fundamentados no individualismo, onde a razão passou a ser
valorizada primordialmente, o que colocou em cheque tanto dogmas religiosos
quanto políticos. Entretanto nesse período em que se passou a discutir valores,
mormente humanos, surgem também um novo olhar para a compreensão do
conhecimento, do ato de ensinar e da infância. Novas concepções pedagógicas que
buscavam a compreensão do indivíduo em analise de todo o âmbito social.
No entanto, apesar das
novas percepções e dos seus constantes avanços, nos sistemas de ensino a
prática ainda se encontra arraigada na tradição e a ideia autoritária onde
prevalecem à cópia e a repetição, ainda circunda as instituições escolares.
Na contemporaneidade ou
pós-modernidade, como denominam os autores do texto “Um olhar sobre a educação
moderna do século XXI”, a Educação brasileira bem como a dos demais países que
abraçam as políticas neoliberais, está em colapso. Isso de acordo com dados
recentes de pesquisas realizadas por entidades como a Economist Intelligence Unit no qual o Brasil aparece em
penúltimo lugar, também no PISA realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) o Brasil está
entre os oito piores do ranking, atrás de países como Trinidad Tobago, Costa
Rica, Colômbia e Indonésia. E ainda conforme divulgado pela
revista Nova Escola em 2010, os dados levantados pela Organização
das Nações Unidas (ONU) para a Unesco,
sobre o índice de desenvolvimento da Educação,
o Brasil aparece na 88ª posição em uma pesquisa realizada com 128 países, o que chama a atenção é que
países muito menos desenvolvidos se mantêm a sua frente. Esses dados denotam a
postura equivocada do ensino brasileiro, onde ainda hoje prevalece à educação
bancária, voltada para a formação da mão de obra, a fim de atender as demandas
do mercado.
Apesar
da compreensão do sistema educacional passar por profundas reflexões e termos a
evidencia de países que já adotam uma conduta incontroversa, coerente com a
pedagogia construtivista, como é o caso da Finlândia e da Noruega, por exemplo,
que investem uma considerável parte do PIB nacional na educação e conta com a
gratuidade em todos os níveis de ensino, o que favorece a igualdade de
oportunidades. Ainda assim a crescente desigualdade social que assola diversos
países, decorrente da má distribuição de renda, pode-se dizer que se constitui
como uma das características da pós- modernidade, que compreende o avanço da
corrente neoliberal que arrasta principalmente os países em subdesenvolvimento.
Designando o enfraquecimento das responsabilidades e ações do Estado, que
sucumbe às exigências do mercado em detrimento do serviço público.
Uma marca notória desse panorama,
referindo-se a educação no Brasil, são as constantes greves de professores,
consequentes da precarização da docência e do desmantelamento do ensino
público. A contra partida estamos em um período, que nos permite confrontar a
nossa realidade e o levante dos movimentos sindical e estudantil, se bem
articulados, asseguram ainda uma forte mobilização social para avante de suas
questões institucionais. Dessa forma é possível compreender que:
“(...) a escola pode formar um
núcleo crítico onde os professores e os alunos elaboram uma prática própria
dessa informação vinda de outros lugares. (Certeau, 1995, p.138)”.
Sendo assim podemos
concluir que apesar da liquidez das relações que constitui o período
pós-moderno, conforme vem sendo apontado por Zygmunt Bauman, ainda preservamos o sentido de
união para o enfrentamento de situações que assim o exigem, como é o caso
daquelas onde uma grande quantidade de pessoas possa ser prejudicada em uma
mesma sociedade ou que provoque a inquietação de uma maioria. Desse modo é
provável que se há contestação é porque a criticidade ainda se faz presente,
mesmo com as inúmeras tentativas de abafá-la, e que talvez dela emane o senso
ou a razão que um dia almejávamos.
Referências:
MISSIO, Luciani; CUNHA, Jorge Luiz. Um olhar sobre a
Educação Moderna no século XXI. Disponível em: http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/056e4.pdf
Acesso em 28/10/2017.
Quanto vale ou é por quilo?
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fZhaZdCqrHg .
Acesso em 28 Oct.; 2017.
Revista Nova Escola
https://novaescola.org.br/conteudo/2974/e-preciso-investir-mais-para-melhorar-a-educacao
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
O impacto das redes sociais na vida das pessoas ● Leandro karnal no Pont...
Segundo Karnal: “A vontade de definir o meu eu em um eu absoluto é uma marca da contemporaneidade”.
Refletindo sobre o bomm da comunicação virtual e de informações instantâneas e o seu impacto em nossa realidade, concordo com as explanações de Leandro Karnal, principalmente quando sugere que estamos vivendo um período de individualismo, egocentrismo, onde prevalece o eu. Pode-se dizer que a ambição e a permanente busca pelo poder, paradoxalmente nos evoluíram socialmente em valores materiais, entretanto nos confrontam com um retrocesso moral, suprimindo os valores coletivos pelos desejos individuais. E de certa forma, ainda que irreal, o mundo virtual cria uma sensação de liberdade ao passo que uma falsa ilusão de empoderamento, nos deixando prisioneiros da realidade que desejamos e em muitos casos nos excluindo do que realmente somos. Podemos ter a quantidade de amigos que queremos sem assumirmos nenhum compromisso, se algo nos desagrada o fim dessa amizade pode se resumir a um impiedoso e excludente click' em delete. Assim reinventamos a nossa realidade e a realidade dos fatos e estas passam a adquirir veracidade a partir do momento em que eu acredito nelas.
Não por coincidência que a palavra idiota tem sua origem etimológica no grego idios que significa privado, individual. No entanto, apesar de e a internet dar voz a todos sem distinção, talvez por esse motivo seja considerada um mecanismo democrático e de disponibilizar o acesso a todo o tipo de informação, ela não ensina a refletir, elemento importantíssimo a construção do saber, a seleção do que é verdadeiro ou falso, bom ou ruim. E assim, de acordo com a fala de Karnal, a internet tanto quanto o martelo é apenas uma técnica neutra, a sua finalidade dependerá dos objetivos de quem a maneja.
Assim se pensarmos que a reflexão precede um raciocínio crítico e sistemático, no qual não foi proposta pela educação bancária, na visão freiriana, uma relação vertical entre o educador e o educando que por muito tempo foi desenvolvida, intencionalmente ou não, nas escolas. Um modelo educacional que compreendia o aluno como o objeto que recebe o conhecimento, formando dessa forma indivíduos acomodados e submissos, pois conforme coloca Chauí no texto “O Ato de Estudar”: “(...) a crítica não traz conteúdos prévio, mas é descoberta de conteúdos escondidos, então ela é muito perigosa...”
sábado, 7 de outubro de 2017
Aprendizagem segundo a Epistemologia Genética
De acordo com a teoria
construtivista assim como ocorre em nosso organismo, com a maturação biológica
que acontece gradualmente em etapas, de forma análoga também ocorre com a nossa
mente, o desenvolvimento das estruturas mentais se dá de forma sequencial por
fases é o que Jean Piaget determinou de embriologia mental. Entretanto, apesar
de essa embriogênese terminar apenas na fase adulta, totalizando um contexto biológico
e psicológico, diferentemente das faculdades biológicas, essas fases não
desabrocham ao logo da vida do indivíduo, elas não são previstas. Isto é, nem
todos os seres humanos alcançarão todas as etapas do desenvolvimento mental,
pois elas dependem das exigências impelidas pelo meio, isso quer dizer que o
meio estimula as estruturas mentais, que o avanço acontece a partir da
necessidade de raciocinar sobre o objeto proposto.
Desse modo podemos dizer que
esse panorama do desenvolvimento humano, das estruturas biológicas e
cognitivas, se relaciona e esclarece a construção da aprendizagem, mas essa só
acontece mediante a ação interiorizada do indivíduo. Assim o desenvolvimento
cognitivo é a base da aprendizagem que ocorre pelo processo de assimilação e
acomodação. Isto posto, a ação acontece quando o indivíduo se vê diante do
objeto e atua sobre ele, modifica-o, transforma-o e compreende o processo dessa
transformação, o modo como foi construído, ocorrendo a assimilação. Nesse curso
se por ventura não há a ocorrência da assimilação de alguma situação, a mente
se modifica ou desiste, se modificar acontece à acomodação, assim quando a
assimilação e a acomodação entram em harmonia, há o que Piaget determinou de
equilibração.
Portanto conforme a epistemologia
construtivista, a aprendizagem é o estado decorrente do esquema de assimilação que
sofre a acomodação e estes entram em equilíbrio. É provocada por situações de
instabilidade, do enfrentamento do novo onde há a necessidade da ação, da
relação sujeito e objeto, nesse aspecto a melhor maneira de se promover a
aprendizagem no âmbito escolar é propor contextos de desequilíbrio e reequilibrações
consecutivas aos alunos. Logo aprender é um processo ativo individualizado que
ocorre por intermédio de conclusões com base em experiências.
Referências:
MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. Epistemologia Genética. In: SARMENTO,
Dirléia Fanfa; RAPOPORT, Andrea e FOSSATTI, Paulo (orgs). Psicologia e
educação: perspectivas teóricas e implicações educacionais. Canoas: Salles,
2008. p.17-26
PIAGET,
Jean. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM.
Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2091693/mod_resource/content/1/Texto%20Desenvolvimento%20e%20aprendizagem%20de%20Jean%20Piaget%20.pdf
Vídeo: Introdução
a Psicologia do Desenvolvimento. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7GEV7HOsETM
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
Um garoto, um vídeo game, um presente, um cachorro e uma deficiência! Le...
Este interessante curta metragem mostra a brilhante ideia de uma mãe, que incentiva e ensina o valor da superação para seu filho. Se pensarmos que todos os seres vivos têm limitações, talvez a grande virtude da humanidade sempre foi tentar superá-las. Superando inclusive os sonhos de Ícaro, alcançando o espaço. Qual seria o limite humano?
Além de ser uma pequena amostra de que a maior deficiência pode estar no modo como julgamos os fatos, e que a maior limitação vem da que colocamos em nós mesmos.
História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil
Esse emocionante documentário disponibilizado pela interdisciplina de Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, fala de força, de união, de coragem, de luta, de conquistas, de perseverança e principalmente de História, a daqueles que durante muito tempo foram invisíveis e considerados incapazes. O Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil merece destaque e reconhecimento sobretudo por ser inspirador!
Anteriormente, nós do PEAD, tivemos a oportunidade, através da interdisciplina de Libras, de conhecer um pouco da historicidade e pleito da comunidade surda no Brasil, cujo vimos que uma de suas maiores conquistas foi o reconhecimento da língua de sinais, em 2002, como língua oficial assim como o Português. No entanto, particularmente, nunca tinha ido a fundo ao conhecimento da história e não fazia idéia da dimensão da luta imbuída de autonomia desse movimento. O vídeo acima chama a atenção por sua expressividade, por da voz a essas pessoas de maneira a aproximá-las do expectador, onde em nenhum momento somos tomados pelo sentimento de pena ao contrário é comovente por despertar a admiração. Especialmente porque em suas palavras não almejavam a caridade e sim a assentida emancipação, assegurar a acessibilidade, o rompimento das barreiras que os delimitavam, a inclusão, ou seja, a cidadania legítima.
Vimos que foram muitas as lutas, derrocada de crenças e pesquisas até chegarmos ao que temos hoje, que assim como é mencionado no vídeo, em âmbito nacional, “ainda não está bom!”, mas se refletirmos todo o contexto histórico em termos de humanidade, já obtivemos grandes avanços tanto na área da educação e da medicina, quanto no próprio modo como são olhadas e compreendidas as pessoas com deficiência pela sociedade em geral, porém faz-se necessária uma contínua busca por condições igualitárias no modo de ser reconhecido e de viver.
Visto que vivemos um momento ambíguo onde ao mesmo tempo em que lutamos por igualdade queremos asseguradas as nossas diferenças, nesse aspecto queremos ser respeitados por nossa individualidade, característica própria e cultura o que não pode assim como aconteceu com o movimento Escolanovista, no Brasil, deixar margem para a segregação. A nossa principal característica é sermos diferentes, únicos, entretanto sabemos que o meio mais eficaz de amenizarmos as desigualdades que assolam a humanidade é justamente a luta pela igualdade.
Nada sobre nós, sem nós!
sábado, 9 de setembro de 2017
Filme - Avaeté, Semente da Vingança (1985) VHSRip
Indico para complementação de estudos das interdisciplinas nesse semestre, o filme "Avaeté, Semente da Vingança", no qual considero como um dos melhores filmes nacionais, dirigido por Zelito Viana, onde apesar de contar com a excelente atuação de atores renomados como Hugo Carvana e Renata Sorrah, não se encontra divulgação na grande mídia nacional.
Lançado em 1985 esse filme, infelizmente, retrata um tema ainda atual aqui no Brasil: o massacre de povos indígenas para a ocupação ilegal de suas terras por garimpeiros.
O episódio mais recente ocorreu a um mês e é possível encontrar aspectos muito semelhantes ao filme, com destaque para a atuação ou omissão da grande mídia corporativa nacional com esse tipo de assunto, onde mais uma vez as denuncias vieram dos meios de comunicação internacionais. Com o diferencial de que hoje temos as redes sociais, onde é possível encontrar sites que prezam a responsabilidade social como o Carta Capital e a Rede TVT, que divulgaram amplamente o caso em suas redes. Até onde se sabe esse massacre, ocorrido no Vale do Javari, seria maior que os yanomami de 1993, no qual também teve denuncia por meio das mídias internacionais.
Tristemente o nosso país fecha os olhos para os excluídos e muitos casos bárbaros, como esse, ainda seguem impunes.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
Resistência e Cultura
Iniciamos a semana presencial com as interdisciplinas Seminário Integrador Vl e Questões Étnicas Raciais: Sociologia e História, essa primeira aula nos levou a reflexão dos tópicos que irão permear o semestre. Como a compreensão dos termos raça e etnia na educação, educação inclusiva, abordando conceitos sociais e históricos. Inserido nessa temática também está o preconceito (por vezes velado), que cruelmente insiste em se fazer presente corroendo as estruturas da nossa sociedade.
Realizamos ainda uma atividade que consistiu em identificarmos alguma situação próxima envolvendo esse tema e representa-la para o grande grupo. A colega Alessandra Thornton e eu optamos por abordar uma questão mais própria da nossa realidade, na qual em diversos momentos presenciamos ou até mesmo a sentimos na pele: o preconceito à Mulher. Tendo em vista que atravessa séculos com a mesma desumanidade atingindo a todas as suas representantes, independente de raça, etnia, contextos ou condição social.
Abaixo segue o esboço dessa tarefa realizada em aula, no qual sugere palavras que corriqueiramente são expressadas maliciosamente e de forma ofensiva ao gênero feminino.
Também falamos de poesia, de grandes nomes como Carolina Maria de Jesus, Mia Couto, Eduardo Galeano, Hilda Hilst, Caio Fernando Abreu, Daniel Munduruku entre outros, que tanto empenharam-se ou ainda dedicam-se a poeticamente elucidar questões de cunho étnico, político, moral, social e racial. Contudo, em análise do contexto histórico-social ao qual estavam inseridos observa-se que muitos viveram sob repressão, em uma época onde pessoas eram torturadas, exiladas e até mesmo assassinadas simplesmente por exprimirem através da sua arte sua visão crítica social e cultural.
Seguimos...
Continuamos a caminhada, agora no VI semestre do PEAD, com vistas a conclusão de uma etapa de grande significância e valor para a nossa carreira docente, ainda que soframos com a sua insistente desvalorização por parte de nossos governantes e o consequente descaso de alguns membros da nossa sociedade, que de quebra também sofrem com esse profundo desrespeito e desinteresse pela Educação no nosso país. Ainda assim insistimos, não desistimos de nos aperfeiçoarmos e de acreditarmos no seu valor inerente ao progresso social.
Agora a pouco mais de alguns passos de nos tornarmos Pedagogas e conforme nos aproximamos da titulação, ao examinar todo o percurso, é possível perceber quantos degraus já avançamos nesse intento. Ampliamos o nosso ponto de vista com relação ao modo como compreendemos a Educação, trocamos muitas experiências, vencemos alguns percalços. E ainda para muitas de nós, inclusive no meu caso, foi a primeira experiência em um curso EAD e portanto o enfoque em utilizar uma plataforma online para mediar as aprendizagens foi um desafio a mais, incluindo o domínio de novos recursos midiáticos, a construção do blog que tem promovido o diálogo, a reflexão, bem como o gradual aperfeiçoamento da nossa escrita. Da mesma forma as apresentações no workshop, que mesmo movidas por uma incontrolável ansiedade compreendemos a sua imprescindível importância na construção de todo esse segmento.
E por ser notório todo esforço e dedicação necessários a formação de um Professor, que continuemos essa incansável empreitada na busca por sua valorização e reconhecimento, acreditando que todo o empenho contribui com o fluxo nessa direção, para que a Educação que ambicionamos não se limite a um mero sonho utópico.
sábado, 15 de julho de 2017
DANTON. O Processo da Revolução
Dentro do contexto medieval floresceu as raízes do pensamento iluminista resgatando os ideais dos conceitos clássicos, revolucionando, por assim dizer, o pensamento da época. A visão de um ser criador e supremo aos poucos foi trocada por conceitos e características humanas. O homem num passo de mágica passou não só a ser o centro do mundo, como também o centro do universo. A concepção de ciência abalou os conceitos da crença e por assim dizer religiosos, o homem controlava o seu próprio destino. Assim como na obra de Cervantes, onde Quixote nos deparou com a moral e o imoral, o certo e o errado, ou seja, com as fragilidades humanas. Entretanto como distinguir o são do insano, até onde a utopia e o desejo de perfeição humana poderia almejar, nós seríamos produto de uma criação divina ou seriamos divinos por nós mesmos? Essas questões foram a base e a essência do pensamento iluminista, que até hoje indagam e atormentam a mente humana.
Até onde o nosso conservadorismo ou nossa visão progressista pode chegar? Até onde pode barrar o nosso progresso democrático? Qual seria o limite para as razões e concepções humanas? O quanto uma democracia criada a mais de dois milênios atrás pode influir em nosso desenvolvimento? Como podemos extrair o que há de melhor em nossos antepassados ou usufruir daquilo que nos deixaram? Qual seria a razão de nossa existência, talvez, acredito, a resposta esteja em uma concepção histórica de nós mesmos.
O filme em questão nos deixa explicito o quanto o radicalismo de nossos ideais, mesmo que democráticos, pode nos transformar em homens involutivos. Contudo, instantaneamente tudo o que acreditamos poderá se transformar num engodo da realidade do que idealizamos. Assim apesar de nossas concepções comunitárias, não podemos negar que nossos valores individualistas tiveram uma incrível significância para o nosso desenvolvimento social, no entanto foi a nossa natureza coletiva que acarretou em notáveis mudanças em prol da nossa sociedade.
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Sintetizando alguns conceitos
Em nossa última aula presencial, com as interdisciplinas de Organização e Gestão da Educação e Organização do Ensino Fundamental, realizamos uma atividade em grupo precedida de um diálogo de desfecho com o grande grupo, elencando pontos importantes que foram debatidos ao longo do semestre. Conforme o cartaz abaixo, desenvolvido em aula, é possível observar alguns dos conceitos estruturantes que permearam os nossos debates concernentes a Educação, bem como a cidadania e as políticas que a envolve.
domingo, 2 de julho de 2017
REFLEXÕES PESSOAIS
"O
pensamento reflexivo é uma capacidade, como tal não desabrocha espontaneamente,
mas pode se desenvolver-se. Para isso tem de ser cultivado e requer condições
favoráveis para o seu desabrochar," (ALARCÃO,1996,P.9)
Concluímos
nessa semana a atividade de avaliação, auto-avaliação e avaliação consolidada
dos nossos Portfólios de Aprendizagem (Blog), para o Seminário Integrador Eixo
V.
Ao analisar a evolução
semestral do nosso portfólio no blog é notório tanto o enriquecimento
vocabular, como a forma interdisciplinar com que fomos estruturando as nossas
aprendizagens, incluindo uma maior preocupação com o emprego de um aporte
teórico que sustente as nossas reflexões. Sem dúvida esse exercício nos faz
perceber todo o processo de evolução gradual tanto da escrita, como da forma
com que foram construindo-se essas noções, bem como identificar o que necessita
ser aprimorado e o que é possível fazer para dessa forma prosseguir.
Sendo assim, em de acordo
com a citação de Isabel Alarcão, gostaria de pontuar a necessidade da auto-avaliação constante, de modo que
essa prática nos permite acompanharmos todo o processo que envolve a nossa
construção de conceitos, nos fornecendo o suporte necessário para que
consigamos articular avaliações também, até mesmo para estruturar um plano de
ação caso se necessite fazer modificações. É o exercício que nos aprimora o
pensar de maneira reflexiva, visto que refletir é uma necessidade é por meio da
qual evoluímos, uma vez que antecede o aprender.
quinta-feira, 29 de junho de 2017
PECULIARIDADES DE UMA ORGANIZAÇÃO CHAMADA ...
Ao adentrar no tema gestão democrática percebemos as fragilidades que
acompanham a organização escolar e de como é necessário compreender para que
algo se torne efetivo. Sendo assim a concepção errônea ou a falta dela no que
diz respeito à democracia, inviabiliza o processo de construção da escola nesse
sentido (ser um ambiente democrático). Enfraquecendo as ações que buscam a sua
emancipação, bem como a das partes envolvidas, inclusive a essencial e real promoção
cidadania. Entretanto, em de acordo com
as idéias estabelecidas nos textos disponibilizados pela interdisciplina, a
democratização do ambiente escolar é um processo gradual de conscientização. Tendo em vista a progressiva formação
ideológica que envolve a concepção tanto da democracia quanto da cidadania,
estando as duas intrinsecamente ligadas, a escola exerce um crucial papel
formador e transformador dessa realidade.
Para os profissionais da educação (especialmente os atuantes na Ed.
Infantil Canoense) fica claro que em diversos momentos, mesmo com um discurso
disfarçadamente democrático, a gestão escolar ainda conserva características
patrimonialistas, centralizando ações e o poder de decisão, burocratizando o
acesso a informações, entre outros. Essa concepção torna-se evidente ao
analisarmos que: “Há todo um discurso democrático e de
inserção da comunidade no processo decisório, mas ainda não foram criadas
condições para que essa prática se efetive.” Galina e Carbello (2008, p. 11)
Na minha escola de atuação, por exemplo, a gestão não é eleita tão pouco
é clara a necessidade de uma eleição para o conselho escolar, ou seja, ainda
não compreendem o princípio democrático, como se a escola pertencesse a “alguns”,
os “escolhidos" ou indicados. Torna-se perceptível que essa é uma forma de desmoralizar
concepções contraditórias e de enfraquecer a compreensão sobre o real papel tanto
do gestor como do conselho escolar.
Sendo a mobilização da participação ativa e colaborativa de todos os
segmentos da comunidade escolar uma das principais características da gestão
democrática, o Conselho Escolar a eles deveria representar, e não se colocar a
sombra do gestor. No entanto se essa á forma como momentaneamente se configura
a situação da organização escolar, esse também é o modo como foram construídas
as suas relações até o momento. Essa reflexão pode ser mais bem compreendida se pensarmos que:
“(...) não existe um Conselho no vazio, ele é o
que a comunidade escolar estabelecer, construir e operacionalizar. Cada
conselho tem a face das relações que nele se estabelecem. Se forem relações de
responsabilidade, de respeito, de construção, então, é assim que vão se
constituir as funções deliberativas, consultivas e fiscalizadoras. Ao
contrário, se forem relações distanciadas, burocráticas, permeadas de
argumentos, tais como:” já terminou meu horário”, “ este é meu terceiro turno
de trabalho”, “vamos terminar logo com isto”, “não tenho nada a ver com isto”,
com que legitimidade o conselho vai deliberar ou fiscalizar?!” Werle (2003,
p.60)
Constituindo-se como a
principal ferramenta que predispõe uma administração democrática a comunicação que consiste não somente em
falar, mas ouvir a todos de forma respeitosa, interativa e esclarecedora é a
forma como um gestor escolar deve colocar-se a fim de mobilizar e incentivar a
participação dos segmentos que compõem a comunidade escolar. Quando não age
dessa forma, não creditando a importância devida aos apelos dos sujeitos
envolvidos, subordinando-se as determinações de ordens superiores, desconfigura
a sua autonomia administrativa, bem como a autonomia da instituição como um
todo. Isso normalmente acontece em uma gestão não eleita ou quando há uma confusão quanto à compreensão do que
difere uma administração escolar e uma administração empresarial. Concordando
com a colocação das autoras: “Essa
pseudo-autonomia do diretor é também uma síntese da pseudo-autonomia da própria
escola.” Galina e Carbello (2008, p. 11)
Concluindo, as leis que
normatizam a educação brasileira, evidenciam que a escola deve constituir-se em
um ambiente de gestão democrática, de participação ativa, que deve proporcionar
condições favoráveis a construção do conhecimento, atuando de forma a promover a
autonomia e a cidadania. Todavia a administrabilidade escolar esbarra em muitas
questões de cunho organizacional que quando a gestão não as coloca transparentes,
não busca o apoio das organizações colegiadas, tão importantes, pois
representam a voz da escola. E deixa de promover a participação não se
preocupando em representar todos os segmentos da comunidade escolar, fere gravemente
a Constituição, a democracia e viola o princípio da cidadania,
descaracterizando a instituição como emancipadora.
Referências
Bibliográficas:
GALINA,
Irene de Fátima; CARBELLO, Sandra Regina Cassol.
Instâncias colegiadas: espaços de participação na gestão democrática da escola
pública. [s.d.]. Disponível em
http://moodle3.mec.gov.br/ufrgs/file.php/47/Projeto_Vivencial/PV2-
leituras/Carbello%20e%20Galina%20-%20INST%C2NCIAS%20COLEGIADAS.pdf> Acesso
em 30 out. 2015.
MARTINS,
Gisele Bervig; FOSSATTI, Paulo; SILVA, Juliana Cristina. Os
Conselhos Escolares e sua atuação pedagógica na perspectiva de uma gestão
democrática. Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2018289/mod_resource/content/1/eixo4_GISELE-BERVIG-MARTINS-PAULO-FOSSATTI-JULIANA-CRISTINA-DA-SILVA%20%281%29.pdf
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