Entendo que na primeira infância é interessante que a
aquisição da noção temporal e cronológica se faça a partir da própria história
da criança, pois é a que está mais próxima. A perspectiva se dá a partir da
compreensão do antes, do agora e do depois ou então do ontem, do hoje e do
amanhã.
A concepção da cronologia é importante que se inicie
ainda na educação infantil para que a criança aprenda a conhecer-se, a conhecer
a sua história e situar–se no tempo, essa reflexão pode ser elucidada a partir
do seguinte excerto: “(...) o aprendizado sobre o passado é parte integrante do
desenvolvimento social, emocional e cognitivo.” (COOPER, Hilary. 2006 p.
171-190.) A compreensão temporal inicia-se já a partir da organização das
atividades do dia a dia, da rotina diária da criança.
O ensino de história para crianças em de acordo com o
texto de Cooper, que sugere uma visão construtivista desse ensino, é uma
aprendizagem ativa, é um processo de construção gradativo no qual envolve a
desmistificação de conceitos primariamente assimilados e a aprendizagem de como
construir hipóteses. Incluindo a aceitação de que para um mesmo dado pode-se
haver mais de uma hipótese, de que a história é feita de pontos de vista e não
existe uma versão única para um fato histórico, é interessante que se estimule
a investigação histórica para que se consiga uma visão mais próxima da
realidade.
A importância de se estudar história e da aquisição da
concepção temporal e cronológica conseqüente, vai além do conhecimento de fatos
passados. É uma construção analítica da vida, é o conhecimento de buscas, de
tentativas, de acertos, de erros e de situações envolvendo diferentes épocas.
Contribuindo para a compreensão das várias ações humanas frente a diferentes
desafios e para o aprendizado de nós mesmos, das nossas raízes.
A compreensão da possível linearidade do tempo acompanha
as respectivas mudanças frente a determinados comportamentos, estruturas,
ambientes, culturas e necessidades em distintas épocas.
O artigo de Cooper é embasado nas teorias de Piaget,
Vigotsky e Bruner no qual consideram que a criança é participativa na
construção da sua própria aprendizagem, sendo capaz de desenvolver argumentos
sobre fontes históricas se assim forem ensinadas. Para tanto o professor
precisa instigar e orientar a reflexão, trabalhar com certezas e probabilidades,
colocar a disposição dos alunos elementos que promovam uma análise e estar
disponível a consequentes questionamentos.
Promover aos alunos a possibilidade de conhecer e
envolver-se com o passado do local onde vivem da sua família e perceber as
mudanças ocorridas ao longo desse período é aproximar a criança da sua própria
história. Proporcionar atividades que envolvam o diálogo da criança com a
família e comunidade, permite inclusive o estreitamento de laços e vínculos
familiares.
O texto de Cooper nos coloca que os jogos também são
excelentes ferramentas de conhecimento histórico, pois permite que os alunos
vivenciem, instigando o imaginário, situações em diversas épocas assumindo
personagens em diferentes contextos sociais e de diferentes comportamentos e
personalidades. Para tanto os contos de fadas e de histórias infanto-juvenis
que remetam a diferentes períodos, também permitem essa contextualização possibilitando
uma análise comparativa às diferentes circunstancias.
Concluindo, o desenvolvimento das noções temporal e
cronológica, da compreensão dessas dimensões, é imprescindível. Pois é através
da consciência histórica, do conhecimento do passado que se torna mais clara a
compreensão do presente e então se pode construir, desenvolver melhor o futuro.
Referências:
COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de 3 a 8 anos. Educar, Curitiba, v. Especial, p.171-190, 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário