Na interdisciplina de
Organização e Gestão da Educação vimos alguns conceitos estruturantes
correlacionados a escola pública e a democratização do ensino, objetivando um
maior entendimento a fim de orientar as nossas práxis. Dentre esses conceitos chaves,
escolhi fazer um paralelo com um problema estrutural e de proporção
extremamente preocupante em nosso país, a desigualdade.
Caracterizada pela histórica
diferença de condições entre determinados seres. Sendo de questão relevante
também na atualidade, em vista da decorrente e crescente desigualdade social e econômica
que assola ao mundo todo.
Visto que vivemos em uma
sociedade predominantemente capitalista, cujo prevalece o domínio do
capitalismo neoliberal, que tem por particularidade o “empoderamento” do
mercado, soberania do sistema financeiro e o livre comércio entre as
fronteiras. Nessa doutrina política o mercado tem “poder” e total liberdade,
sem qualquer limitação, tendo em vista que o preceito antagônico, que ficou
característico por toda guerra fria teve seu desfecho no fim dos anos oitenta,
podendo trazer sérias conseqüências para a sociedade a nível mundial, levando
inclusive a sua autodestruição. O que BAUMAN esclarece:
“O
mercado é ótimo em criar demanda para os seus produtos, em distribuir fundos.
Porém pode ser autodestrutivo. Para evitar que seja autodestrutivo existe a
política (...)” (Zygmunt Bauman)
A partir
dos anos noventa até atualmente, não há como falar em desigualdades sem citar o
neoliberalismo, pois as desigualdades sociais e econômicas (problemas tão
penosos para a sociedade em geral) são frutos da sua exacerbação. Constituindo
em uma forma de limitar as ações do Estado, em detrimento com a delicada e
resistente democracia, tanto economicamente quanto juridicamente. O
neoliberalismo transfere para o setor privado as atividades que podem ser
controladas pelo mercado, ou seja, coloca o poder nas mãos de grandes corporações.
O que acarreta na diminuição de repasses para as políticas sociais, na
terceirização de serviços públicos, em privatizações, na publicização e ainda
na quebra da barreira econômica entre os países envolvidos, dessa forma sobrepõe-se
o que tiver maior poder ou capacidade econômica. Essa reflexão pode ser
aprofundada com a seguinte citação:
“Estado máximo para o capital e mínimo para as políticas
sociais” (PERONI,
2003)
O Brasil, em especial, é um dos países mais desiguais do
mundo, configura-se em 10º lugar, segundo dados divulgados no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH),
elaborado pelas Nações Unidas. Divulgado
pela revista O GLOBO.
A desigualdade
social determinada na diferença de poder aquisitivo compreende diversos
aspectos como a desigualdade de oportunidades, de mercado de trabalho, de
acesso ao conhecimento, de gênero, por exemplo. Normalmente transformando-se na
desigualdade econômica, caracterizada pela clara discrepância na distribuição
de rendas, a concentração da riqueza na minoria da população enquanto há a
predominância da pobreza.
As profundas cicatrizes das
desigualdades, marcadas através dos séculos, não tiveram o adequado tratamento.
Por isso, ainda hoje, se faz presente em nossa sociedade os reflexos dos danos
deixados pelas feridas, de uma época tenebrosa, que ainda nos enferma como
civilização. A marca deixada na época da escravidão negreira nos assola ainda
hoje. E não coincidentemente, na tabela acima temos doze países africanos. Na
verdade, até mesmo os países da América Latina, citados na tabela, tem como
origem de suas desigualdades a omissão da condição dos negros após o fim do
período de escravidão negreira, assim também, como as condições dos povos
ameríndios. Por tamanha complexidade e densidade esse é
um tema que nos permite adentrar por nossa historicidade e desmembrar vários
aspectos de nossa sociedade.
Referências:
. Políticas Públicas e
gestão da educação em tempos de redefinição do papel do Estado. Texto
apresentado na Anped Sul, 2008 (CD) artigo disponível em http://www.ufrgs.br/faced/peroni
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