segunda-feira, 5 de junho de 2017

Históricas Desigualdades

Na interdisciplina de Organização e Gestão da Educação vimos alguns conceitos estruturantes correlacionados a escola pública e a democratização do ensino, objetivando um maior entendimento a fim de orientar as nossas práxis. Dentre esses conceitos chaves, escolhi fazer um paralelo com um problema estrutural e de proporção extremamente preocupante em nosso país, a desigualdade.
Caracterizada pela histórica diferença de condições entre determinados seres. Sendo de questão relevante também na atualidade, em vista da decorrente e crescente desigualdade social e econômica que assola ao mundo todo.
Visto que vivemos em uma sociedade predominantemente capitalista, cujo prevalece o domínio do capitalismo neoliberal, que tem por particularidade o “empoderamento” do mercado, soberania do sistema financeiro e o livre comércio entre as fronteiras. Nessa doutrina política o mercado tem “poder” e total liberdade, sem qualquer limitação, tendo em vista que o preceito antagônico, que ficou característico por toda guerra fria teve seu desfecho no fim dos anos oitenta, podendo trazer sérias conseqüências para a sociedade a nível mundial, levando inclusive a sua autodestruição. O que BAUMAN esclarece:
“O mercado é ótimo em criar demanda para os seus produtos, em distribuir fundos. Porém pode ser autodestrutivo. Para evitar que seja autodestrutivo existe a política (...)” (Zygmunt Bauman)

A partir dos anos noventa até atualmente, não há como falar em desigualdades sem citar o neoliberalismo, pois as desigualdades sociais e econômicas (problemas tão penosos para a sociedade em geral) são frutos da sua exacerbação. Constituindo em uma forma de limitar as ações do Estado, em detrimento com a delicada e resistente democracia, tanto economicamente quanto juridicamente. O neoliberalismo transfere para o setor privado as atividades que podem ser controladas pelo mercado, ou seja, coloca o poder nas mãos de grandes corporações. O que acarreta na diminuição de repasses para as políticas sociais, na terceirização de serviços públicos, em privatizações, na publicização e ainda na quebra da barreira econômica entre os países envolvidos, dessa forma sobrepõe-se o que tiver maior poder ou capacidade econômica. Essa reflexão pode ser aprofundada com a seguinte citação:

“Estado máximo para o capital e mínimo para as políticas sociais” (PERONI, 2003)

O Brasil, em especial, é um dos países mais desiguais do mundo, configura-se em 10º lugar, segundo dados divulgados no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas. Divulgado pela revista O GLOBO.
A desigualdade social determinada na diferença de poder aquisitivo compreende diversos aspectos como a desigualdade de oportunidades, de mercado de trabalho, de acesso ao conhecimento, de gênero, por exemplo. Normalmente transformando-se na desigualdade econômica, caracterizada pela clara discrepância na distribuição de rendas, a concentração da riqueza na minoria da população enquanto há a predominância da pobreza.
As profundas cicatrizes das desigualdades, marcadas através dos séculos, não tiveram o adequado tratamento. Por isso, ainda hoje, se faz presente em nossa sociedade os reflexos dos danos deixados pelas feridas, de uma época tenebrosa, que ainda nos enferma como civilização. A marca deixada na época da escravidão negreira nos assola ainda hoje. E não coincidentemente, na tabela acima temos doze países africanos. Na verdade, até mesmo os países da América Latina, citados na tabela, tem como origem de suas desigualdades a omissão da condição dos negros após o fim do período de escravidão negreira, assim também, como as condições dos povos ameríndios. Por tamanha complexidade e densidade esse é um tema que nos permite adentrar por nossa historicidade e desmembrar vários aspectos de nossa sociedade.
Resultado de imagem para desigualdade social

Referências:
. Políticas Públicas e gestão da educação em tempos de redefinição do papel do Estado. Texto apresentado na Anped Sul, 2008 (CD) artigo disponível em http://www.ufrgs.br/faced/peroni

Nenhum comentário:

Postar um comentário