Ao adentrar no tema gestão democrática percebemos as fragilidades que
acompanham a organização escolar e de como é necessário compreender para que
algo se torne efetivo. Sendo assim a concepção errônea ou a falta dela no que
diz respeito à democracia, inviabiliza o processo de construção da escola nesse
sentido (ser um ambiente democrático). Enfraquecendo as ações que buscam a sua
emancipação, bem como a das partes envolvidas, inclusive a essencial e real promoção
cidadania. Entretanto, em de acordo com
as idéias estabelecidas nos textos disponibilizados pela interdisciplina, a
democratização do ambiente escolar é um processo gradual de conscientização. Tendo em vista a progressiva formação
ideológica que envolve a concepção tanto da democracia quanto da cidadania,
estando as duas intrinsecamente ligadas, a escola exerce um crucial papel
formador e transformador dessa realidade.
Para os profissionais da educação (especialmente os atuantes na Ed.
Infantil Canoense) fica claro que em diversos momentos, mesmo com um discurso
disfarçadamente democrático, a gestão escolar ainda conserva características
patrimonialistas, centralizando ações e o poder de decisão, burocratizando o
acesso a informações, entre outros. Essa concepção torna-se evidente ao
analisarmos que: “Há todo um discurso democrático e de
inserção da comunidade no processo decisório, mas ainda não foram criadas
condições para que essa prática se efetive.” Galina e Carbello (2008, p. 11)
Na minha escola de atuação, por exemplo, a gestão não é eleita tão pouco
é clara a necessidade de uma eleição para o conselho escolar, ou seja, ainda
não compreendem o princípio democrático, como se a escola pertencesse a “alguns”,
os “escolhidos" ou indicados. Torna-se perceptível que essa é uma forma de desmoralizar
concepções contraditórias e de enfraquecer a compreensão sobre o real papel tanto
do gestor como do conselho escolar.
Sendo a mobilização da participação ativa e colaborativa de todos os
segmentos da comunidade escolar uma das principais características da gestão
democrática, o Conselho Escolar a eles deveria representar, e não se colocar a
sombra do gestor. No entanto se essa á forma como momentaneamente se configura
a situação da organização escolar, esse também é o modo como foram construídas
as suas relações até o momento. Essa reflexão pode ser mais bem compreendida se pensarmos que:
“(...) não existe um Conselho no vazio, ele é o
que a comunidade escolar estabelecer, construir e operacionalizar. Cada
conselho tem a face das relações que nele se estabelecem. Se forem relações de
responsabilidade, de respeito, de construção, então, é assim que vão se
constituir as funções deliberativas, consultivas e fiscalizadoras. Ao
contrário, se forem relações distanciadas, burocráticas, permeadas de
argumentos, tais como:” já terminou meu horário”, “ este é meu terceiro turno
de trabalho”, “vamos terminar logo com isto”, “não tenho nada a ver com isto”,
com que legitimidade o conselho vai deliberar ou fiscalizar?!” Werle (2003,
p.60)
Constituindo-se como a
principal ferramenta que predispõe uma administração democrática a comunicação que consiste não somente em
falar, mas ouvir a todos de forma respeitosa, interativa e esclarecedora é a
forma como um gestor escolar deve colocar-se a fim de mobilizar e incentivar a
participação dos segmentos que compõem a comunidade escolar. Quando não age
dessa forma, não creditando a importância devida aos apelos dos sujeitos
envolvidos, subordinando-se as determinações de ordens superiores, desconfigura
a sua autonomia administrativa, bem como a autonomia da instituição como um
todo. Isso normalmente acontece em uma gestão não eleita ou quando há uma confusão quanto à compreensão do que
difere uma administração escolar e uma administração empresarial. Concordando
com a colocação das autoras: “Essa
pseudo-autonomia do diretor é também uma síntese da pseudo-autonomia da própria
escola.” Galina e Carbello (2008, p. 11)
Concluindo, as leis que
normatizam a educação brasileira, evidenciam que a escola deve constituir-se em
um ambiente de gestão democrática, de participação ativa, que deve proporcionar
condições favoráveis a construção do conhecimento, atuando de forma a promover a
autonomia e a cidadania. Todavia a administrabilidade escolar esbarra em muitas
questões de cunho organizacional que quando a gestão não as coloca transparentes,
não busca o apoio das organizações colegiadas, tão importantes, pois
representam a voz da escola. E deixa de promover a participação não se
preocupando em representar todos os segmentos da comunidade escolar, fere gravemente
a Constituição, a democracia e viola o princípio da cidadania,
descaracterizando a instituição como emancipadora.
Referências
Bibliográficas:
GALINA,
Irene de Fátima; CARBELLO, Sandra Regina Cassol.
Instâncias colegiadas: espaços de participação na gestão democrática da escola
pública. [s.d.]. Disponível em
http://moodle3.mec.gov.br/ufrgs/file.php/47/Projeto_Vivencial/PV2-
leituras/Carbello%20e%20Galina%20-%20INST%C2NCIAS%20COLEGIADAS.pdf> Acesso
em 30 out. 2015.
MARTINS,
Gisele Bervig; FOSSATTI, Paulo; SILVA, Juliana Cristina. Os
Conselhos Escolares e sua atuação pedagógica na perspectiva de uma gestão
democrática. Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2018289/mod_resource/content/1/eixo4_GISELE-BERVIG-MARTINS-PAULO-FOSSATTI-JULIANA-CRISTINA-DA-SILVA%20%281%29.pdf