quinta-feira, 29 de junho de 2017

PECULIARIDADES DE UMA ORGANIZAÇÃO CHAMADA ...

Imagem relacionadaAo adentrar no tema gestão democrática percebemos as fragilidades que acompanham a organização escolar e de como é necessário compreender para que algo se torne efetivo. Sendo assim a concepção errônea ou a falta dela no que diz respeito à democracia, inviabiliza o processo de construção da escola nesse sentido (ser um ambiente democrático). Enfraquecendo as ações que buscam a sua emancipação, bem como a das partes envolvidas, inclusive a essencial e real promoção cidadania.  Entretanto, em de acordo com as idéias estabelecidas nos textos disponibilizados pela interdisciplina, a democratização do ambiente escolar é um processo gradual de conscientização.  Tendo em vista a progressiva formação ideológica que envolve a concepção tanto da democracia quanto da cidadania, estando as duas intrinsecamente ligadas, a escola exerce um crucial papel formador e transformador dessa realidade.
Para os profissionais da educação (especialmente os atuantes na Ed. Infantil Canoense) fica claro que em diversos momentos, mesmo com um discurso disfarçadamente democrático, a gestão escolar ainda conserva características patrimonialistas, centralizando ações e o poder de decisão, burocratizando o acesso a informações, entre outros. Essa concepção torna-se evidente ao analisarmos que: “Há todo um discurso democrático e de inserção da comunidade no processo decisório, mas ainda não foram criadas condições para que essa prática se efetive.” Galina e Carbello (2008, p. 11)
Na minha escola de atuação, por exemplo, a gestão não é eleita tão pouco é clara a necessidade de uma eleição para o conselho escolar, ou seja, ainda não compreendem o princípio democrático, como se a escola pertencesse a “alguns”, os “escolhidos" ou indicados. Torna-se perceptível que essa é uma forma de desmoralizar concepções contraditórias e de enfraquecer a compreensão sobre o real papel tanto do gestor como do conselho escolar.
Sendo a mobilização da participação ativa e colaborativa de todos os segmentos da comunidade escolar uma das principais características da gestão democrática, o Conselho Escolar a eles deveria representar, e não se colocar a sombra do gestor. No entanto se essa á forma como momentaneamente se configura a situação da organização escolar, esse também é o modo como foram construídas as suas relações até o momento. Essa reflexão pode ser mais bem compreendida se pensarmos que:
“(...) não existe um Conselho no vazio, ele é o que a comunidade escolar estabelecer, construir e operacionalizar. Cada conselho tem a face das relações que nele se estabelecem. Se forem relações de responsabilidade, de respeito, de construção, então, é assim que vão se constituir as funções deliberativas, consultivas e fiscalizadoras. Ao contrário, se forem relações distanciadas, burocráticas, permeadas de argumentos, tais como:” já terminou meu horário”, “ este é meu terceiro turno de trabalho”, “vamos terminar logo com isto”, “não tenho nada a ver com isto”, com que legitimidade o conselho vai deliberar ou fiscalizar?!” Werle (2003, p.60) 

Constituindo-se como a principal ferramenta que predispõe uma administração democrática a comunicação que consiste não somente em falar, mas ouvir a todos de forma respeitosa, interativa e esclarecedora é a forma como um gestor escolar deve colocar-se a fim de mobilizar e incentivar a participação dos segmentos que compõem a comunidade escolar. Quando não age dessa forma, não creditando a importância devida aos apelos dos sujeitos envolvidos, subordinando-se as determinações de ordens superiores, desconfigura a sua autonomia administrativa, bem como a autonomia da instituição como um todo. Isso normalmente acontece em uma gestão não eleita ou quando há uma confusão quanto à compreensão do que difere uma administração escolar e uma administração empresarial. Concordando com a colocação das autoras:Essa pseudo-autonomia do diretor é também uma síntese da pseudo-autonomia da própria escola.” Galina e Carbello (2008, p. 11)
Concluindo, as leis que normatizam a educação brasileira, evidenciam que a escola deve constituir-se em um ambiente de gestão democrática, de participação ativa, que deve proporcionar condições favoráveis a construção do conhecimento, atuando de forma a promover a autonomia e a cidadania. Todavia a administrabilidade escolar esbarra em muitas questões de cunho organizacional que quando a gestão não as coloca transparentes, não busca o apoio das organizações colegiadas, tão importantes, pois representam a voz da escola. E deixa de promover a participação não se preocupando em representar todos os segmentos da comunidade escolar, fere gravemente a Constituição, a democracia e viola o princípio da cidadania, descaracterizando a instituição como emancipadora.



Referências Bibliográficas:

GALINA, Irene de Fátima; CARBELLO, Sandra Regina Cassol. Instâncias colegiadas: espaços de participação na gestão democrática da escola pública. [s.d.]. Disponível em http://moodle3.mec.gov.br/ufrgs/file.php/47/Projeto_Vivencial/PV2- leituras/Carbello%20e%20Galina%20-%20INST%C2NCIAS%20COLEGIADAS.pdf> Acesso em 30 out. 2015.


MARTINS, Gisele Bervig; FOSSATTI, Paulo; SILVA, Juliana Cristina. Os Conselhos Escolares e sua atuação pedagógica na perspectiva de uma gestão democrática. Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2018289/mod_resource/content/1/eixo4_GISELE-BERVIG-MARTINS-PAULO-FOSSATTI-JULIANA-CRISTINA-DA-SILVA%20%281%29.pdf

segunda-feira, 26 de junho de 2017

COMPARTILHANDO IDEIAS CONSTRUINDO SABERES

  Hoje a atividade proposta pelo Seminário Integrador Eixo V, durante a aula presencial no PEAD, consistiu em responder de modo analítico a um questionário abrangendo as nossas aprendizagens construídas com as interdisciplinas durante o semestre. Tendo por base as análises construídas e compartilhadas e também a autoanálise. 
 Certamente as propostas de interação, o compartilhamento de ideias são sempre muito significativos no aprimoramento da nossa jornada no curso. 



terça-feira, 20 de junho de 2017

Escola ou fábrica?

   Atuando na Ed. Infantil, municipal, em vários momentos percebo a escola (sem distorção da realidade) principalmente a creche, como um depósito/fábrica de crianças. Isso por que crianças tão pequenas acabam sendo submetidas ao cumprimento rígido de horários (refeições, sono, atividades, etc) e ainda muitas chegam a ficar doze horas dentro da instituição, assemelhando-se a rotina de um trabalhador de fábrica. A escola, o lugar que se destina a proporcionar condições para o amplo desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, que deveria ser um lugar feliz, muitas vezes torna-se cansativo e austero. 
 Compreendo a necessidade dos pais de trabalhar e da rotina sobrecarregada de muitas de mães de família, até por que me enquadro nesse perfil (filhos, trabalho, casa), porém é fácil perceber o quanto o mercado  e suas "necessidades" acabam por engolir a sociedade, vivemos em função do capital. E este não visa compreender a educação, muito menos as crianças e nesse sentido perdemos muito, a criança tantas horas dentro da escola perde o vínculo familiar tão importante aos primeiros anos de vida e também acaba por perder o prazer de estar na escola. A família perde a convivência com a criança, os professores perdem o prestígio, a escola perde a sua função e a sociedade perde em humanidade.
 Entretanto é preciso buscar soluções para driblar essa realidade, uma forma é compreender os mecanismos que a envolve. As leituras disponibilizadas pela interdisciplina de Organização e Gestão da Educação nos trouxeram conceitos significativos para a compreensão do sistema no qual estamos inseridos, uma vez que esse conhecimento nos auxilia na luta por uma educação mais qualificada, onde todos possam ganhar.
  A começar pela gestão, que em muitos municípios ainda preservam características patrimonialistas, principalmente na Ed. Infantil,indo contra aos princípios da LDBEN. A democratização da escola é um direito ao qual não devemos abrir mão, pois somente pelo viés democrático é possível garantir a cidadania e a genuína emancipação.
“A escola, enquanto instituição social, é parte constituinte e constitutiva da sociedade na qual está inserida. Assim, estando a sociedade organizada sob o modo de produção capitalista, a escola, enquanto instância dessa sociedade contribui tanto para a manutenção desse modo de produção, como também para a sua superação, tendo em vista que é constituída por relações sociais contraditórias.”( OLIVEIRA, et al)

OLIVEIRA, J. F., MORAIS, K. N., DOURADO, L.F. Organização da Educação Escolar no Brasil na Perspectiva da Gestão Democrática: Sistemas de Ensino, Órgãos Deliberativos e Executivos, Regime de Colaboração, Programas, Projetos e Ações. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1224468. Acesso: 31 de mai. 2017.

domingo, 11 de junho de 2017

A INVESTIGAÇÃO QUE ANTECEDE O APRENDER

Resultado de imagem para INVESTIGAÇÃOA elaboração de um projeto constitui um importante processo a partir de questionamentos que precedem e orientam a pesquisa posteriormente. Esta se fundamenta no ato de querer compreender, de buscar o entendimento sobre algo que já se tem ou não uma vivência prévia, essa investigação que pode abranger em amplos aspectos as diferentes áreas do saber é fundamental para o processo de aprendizagem.
Os PA’s Projetos de Aprendizagem diferentemente dos Projetos de Ensino partem do interesse e idéia inicial dos alunos, ou seja, não ignoram suas noções prévias, consideram ainda, que a curiosidade é a alavanca propulsora do conhecimento.
O nosso projeto compreende turmas em diferentes faixas etárias, na qual pudemos identificar, por meio de questionamentos iniciais, a necessidade do desenvolvimento de um trabalho com o foco direcionado a leitura, incluindo a amplitude de prosseguimento e conexões que ele oferece.  Isso porque não há uma idade pré-determinada para o início dos questionamentos e investigações, o termômetro constitui o interesse que a turma demonstra por determinado assunto, ou quando se sente “provocada”. Pois mesmo nas crianças pequenas é possível identificar suas curiosidades e preferências através das diversas demonstrações de interesse, que não se traduzem somente pela fala, mas pela perceptível vontade de descobrir seja através do olhar atento, da imitação ou do toque, entre outras insinuações. Em síntese, para um maior entendimento: “(...) a competência do aluno para formular e equacionar problemas se desenvolve quando ele se perturba e necessita pensar para expressar suas dúvidas (...)” (FAGUNDES, Léa et al. 1999)
Para finalizar, ao permitir a livre expressão dos seus alunos em nível de contribuições para a turma, o professor ainda tem a possibilidade de estimular aspectos que vão além do desenvolvimento intelectual, pois ao interagir, demonstrar interesse, se colocar no lugar de aprendiz também, promove-se um ambiente construtivista. Dessa forma podem-se trabalhar aspectos emocionais e capacidades sociais que contribuem para o fortalecimento da auto-estima, do respeito e da cooperação, sentimentos tão importantes ao desenvolvimento humano.
Sendo assim, para fins de esclarecimento: "A abordagem construtivista, sob uma perspectiva genética, propõe aprender tanto sobre o universo físico, quanto sobre o universo social." (FAGUNDES)



Referências:
FAGUNDES, Léa et al . Aprendizes do Futuro: as inovações começaram! Coleção Educação a Distância. Programa Nacional de Informática na Educação, 1999.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Históricas Desigualdades

Na interdisciplina de Organização e Gestão da Educação vimos alguns conceitos estruturantes correlacionados a escola pública e a democratização do ensino, objetivando um maior entendimento a fim de orientar as nossas práxis. Dentre esses conceitos chaves, escolhi fazer um paralelo com um problema estrutural e de proporção extremamente preocupante em nosso país, a desigualdade.
Caracterizada pela histórica diferença de condições entre determinados seres. Sendo de questão relevante também na atualidade, em vista da decorrente e crescente desigualdade social e econômica que assola ao mundo todo.
Visto que vivemos em uma sociedade predominantemente capitalista, cujo prevalece o domínio do capitalismo neoliberal, que tem por particularidade o “empoderamento” do mercado, soberania do sistema financeiro e o livre comércio entre as fronteiras. Nessa doutrina política o mercado tem “poder” e total liberdade, sem qualquer limitação, tendo em vista que o preceito antagônico, que ficou característico por toda guerra fria teve seu desfecho no fim dos anos oitenta, podendo trazer sérias conseqüências para a sociedade a nível mundial, levando inclusive a sua autodestruição. O que BAUMAN esclarece:
“O mercado é ótimo em criar demanda para os seus produtos, em distribuir fundos. Porém pode ser autodestrutivo. Para evitar que seja autodestrutivo existe a política (...)” (Zygmunt Bauman)

A partir dos anos noventa até atualmente, não há como falar em desigualdades sem citar o neoliberalismo, pois as desigualdades sociais e econômicas (problemas tão penosos para a sociedade em geral) são frutos da sua exacerbação. Constituindo em uma forma de limitar as ações do Estado, em detrimento com a delicada e resistente democracia, tanto economicamente quanto juridicamente. O neoliberalismo transfere para o setor privado as atividades que podem ser controladas pelo mercado, ou seja, coloca o poder nas mãos de grandes corporações. O que acarreta na diminuição de repasses para as políticas sociais, na terceirização de serviços públicos, em privatizações, na publicização e ainda na quebra da barreira econômica entre os países envolvidos, dessa forma sobrepõe-se o que tiver maior poder ou capacidade econômica. Essa reflexão pode ser aprofundada com a seguinte citação:

“Estado máximo para o capital e mínimo para as políticas sociais” (PERONI, 2003)

O Brasil, em especial, é um dos países mais desiguais do mundo, configura-se em 10º lugar, segundo dados divulgados no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas. Divulgado pela revista O GLOBO.
A desigualdade social determinada na diferença de poder aquisitivo compreende diversos aspectos como a desigualdade de oportunidades, de mercado de trabalho, de acesso ao conhecimento, de gênero, por exemplo. Normalmente transformando-se na desigualdade econômica, caracterizada pela clara discrepância na distribuição de rendas, a concentração da riqueza na minoria da população enquanto há a predominância da pobreza.
As profundas cicatrizes das desigualdades, marcadas através dos séculos, não tiveram o adequado tratamento. Por isso, ainda hoje, se faz presente em nossa sociedade os reflexos dos danos deixados pelas feridas, de uma época tenebrosa, que ainda nos enferma como civilização. A marca deixada na época da escravidão negreira nos assola ainda hoje. E não coincidentemente, na tabela acima temos doze países africanos. Na verdade, até mesmo os países da América Latina, citados na tabela, tem como origem de suas desigualdades a omissão da condição dos negros após o fim do período de escravidão negreira, assim também, como as condições dos povos ameríndios. Por tamanha complexidade e densidade esse é um tema que nos permite adentrar por nossa historicidade e desmembrar vários aspectos de nossa sociedade.
Resultado de imagem para desigualdade social

Referências:
. Políticas Públicas e gestão da educação em tempos de redefinição do papel do Estado. Texto apresentado na Anped Sul, 2008 (CD) artigo disponível em http://www.ufrgs.br/faced/peroni

sábado, 3 de junho de 2017

Educação em retrocesso

A nossa primeira atividade para a interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental, consistiu em um debate sobre as mudanças que envolvem a LDBEN a partir de uma palestra com o professor Carlos Roberto Jamil Cury que afirma:

 "Mexer na LDBEN é abrir o campo para novos retrocessos".

Tanto a fala do Professor Jamil Cury como a dos presentes (representantes de algumas entidades da educação e da política) na mesa de abertura, da aula inaugural da Faculdade de Educação da UFRGS, nos remete ao caos por qual está passando a educação brasileira, visto que não é uma fala entusiasta e sim desapontada, transmitindo-nos grande preocupação.
Assim como foi colocado, a LDBEN foi formulada e chegou-se a um consenso após muitas reuniões com discussões a respeito, incluindo a participação de vários representantes da área. Não foi uma imposição, foi uma proposta amplamente estudada visando qualificar a educação, direcioná-la, propondo uma base sob o amparo legal, no qual tem estabelecido um norte para nós educadores.
Estamos atravessando um momento político delicado onde um governo ilegítimo, nascido de um golpe ao povo brasileiro, acha-se na prerrogativa de estabelecer mudanças radicais nos direitos conquistados desse mesmo povo, dentre eles a educação e sem o menor diálogo com os seus representantes, esfacelando a democracia. Com as “reformas” impostas, sem dúvida o clima que se estabelece nesse momento é de tensão e falta de perspectiva, nos colocando em vias de um retrocesso.

Por que é um retrocesso?

Porque nem todos terão acesso a uma educação qualificada;
Por que se o direito ao conhecimento não alcança a todos a escola perde a sua função principal;
Porque a única preocupação é o mercado de trabalho;
Porque escolas sem autonomia, com professores sem autonomia não conseguem formar cidadãos autônomos;
Porque cidadãos sem autonomia são facilmente manobráveis;
Porque o fracasso da educação gera a evasão escolar e o conseqüente aumento da violência e do trabalho precarizado e gratuito, entre outras mazelas.
A participação social e democrática da população é essencial a prevalência da democracia e devem ser defendidas, dessa forma reuniões como essa aula na FACED/ UFRGS, configuram-se de extrema importância para o esclarecimento e fortalecimento das bases do povo.