Para o professor da atualidade o
tempo em sala de aula não deixa de ser o tempo de cumprir com suas obrigações,
pois ainda temos um compromisso implacável com o relógio. Entretanto, a
realização das atividades não deve destinar-se apenas a preencher a carga
horária e sim com o propósito de conciliar com um projeto próprio para a turma,
elaborado com a participação dos mesmos. Considerando suas necessidades,
afinidades e opiniões.
Todavia o tempo do professor, mesmo nos dias atuais,
continua subordinado às regras da escola, ao calendário letivo e ao seu
cotidiano em sociedade. E esse regramento certamente é transmitido aos alunos,
inclusive condicionando-os para também a submeterem-se as regras da vida
social, o cumprimento dos compromissos que essa vida exige. Esse modo de viver
implica na constituição da sociedade futura, é um condicionamento que
transcende os muros da escola.
Podemos
pensar, então, que sendo a escola parte constitutiva do todo social, ela
refletirá todas as mudanças ocorridas nas concepções que significam a vida,
transformando-se internamente e promovendo mudanças na ilimitada realidade do extramuro
escolar.
(OLIVEIRA, Cristiane et al.)
Mesmo a nossa sociedade vivendo sob constante regramento,
cada indivíduo tem o seu tempo próprio, seja ele estabelecido pelo seu corpo, determinando
o limite do seu bem estar. Seja pela sua capacidade de tolerar a pressão exercida
pelo tempo, ou pela falta dele, ou ainda pela capacidade própria de cada um em
absorver informações, de desenvolver-se, de aprender. E essa noção de tempo de
cada um, as escolas mesmo cientes que o processo de aprendizagem é particular
em cada indivíduo, ou seja, existem diferentes formas de aprender e de que é
necessário considerar todo o movimento que o aluno faz nessa direção, muitas
instituições e docentes parecem ignorar o que sabem. O texto aponta que após
estabelecerem-se estágios para o desenvolvimento infantil, há uma expectativa
de desenvolvimento esperado para cada fase da infância, acabou por se
estabelecer também níveis de aprendizagem e um padrão a ser considerado como um
desenvolvimento normal, classificando as crianças.
O estabelecimento de ciclos, como aborda o texto, é
determinante para vivermos de forma ordenada, para uma organização social e
particular, para termos ou esperançarmos uma perspectiva com relação ao tempo
futuro. Pois de modo geral sempre relacionamos os nossos projetos ao tempo,
especificando um ponto de partida e ambicionando conquistas futuras.
O tempo sofre modificações ao longo do seu compasso, entretanto
não há como fugir dele, temos a ilusão de temo-lo sob controle, mas na verdade
somos por ele rigidamente controlados. Na escola não é diferente, tanto alunos
quanto professores somos todos vítimas desse controle e a criança em si,
manifesta claramente o esgotamento do seu tempo, assim como também sinaliza
quando o tempo estabelecido não é suficiente, mas ainda não usufruirmos de um
ambiente escolar que respeite o tempo de todos, pois ainda convivemos com altos
níveis de evasão escolar e com uma quantidade absurda de professores afastados
ou remanejados por problemas de saúde.
Concluindo, no referido espaço do saber que é o ambiente
escolar, no qual se estabelecem metas, objetivos com relação aos alunos, o fato
de ter crianças em distintas etapas de aprendizagem não significa que para
algumas delas a aprendizagem não esteja acontecendo, sendo que existem
diferentes formas de aprender. Defendo o ponto de vista em que o período de
permanência da criança na escola deva ser norteado pelo prazer de estar nesse
ambiente, pela motivação e alegria, é um momento de construção de significados
para a vida, e não pode ser imposto, desconsiderando suas manifestações de
descontentamento e até mesmo o seu tempo biológico. Quanto ao tempo pedagógico,
os períodos de descontração, de trocas de experiências e de diálogo com os pais
dos alunos ainda são reduzidos, cronometrados e regulados pelo calendário,
enfrentamos a necessidade de repensar esses momentos, de construirmos diálogos
mais abertos estendidos a toda a comunidade escolar, o futuro da nossa
sociedade depende desse tempo que deve considerar prioritariamente os anseios
daqueles que formarão a sociedade futura.
Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, Cristiane
et al. Questões sobre o tempo e o espaço escolar. Projeto tempos na escola,
UFJF. (Texto fornecido pela Interdisciplina REPRESENTAÇÃO DO MUNDO PELOS
ESTUDOS SOCIAIS).
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