sábado, 29 de outubro de 2016

O TEMPO NA ESCOLA

          Para o professor da atualidade o tempo em sala de aula não deixa de ser o tempo de cumprir com suas obrigações, pois ainda temos um compromisso implacável com o relógio. Entretanto, a realização das atividades não deve destinar-se apenas a preencher a carga horária e sim com o propósito de conciliar com um projeto próprio para a turma, elaborado com a participação dos mesmos. Considerando suas necessidades, afinidades e opiniões.
Todavia o tempo do professor, mesmo nos dias atuais, continua subordinado às regras da escola, ao calendário letivo e ao seu cotidiano em sociedade. E esse regramento certamente é transmitido aos alunos, inclusive condicionando-os para também a submeterem-se as regras da vida social, o cumprimento dos compromissos que essa vida exige. Esse modo de viver implica na constituição da sociedade futura, é um condicionamento que transcende os muros da escola.
Podemos pensar, então, que sendo a escola parte constitutiva do todo social, ela refletirá todas as mudanças ocorridas nas concepções que significam a vida, transformando-se internamente e promovendo mudanças na ilimitada realidade do extramuro escolar. (OLIVEIRA, Cristiane et al.)

Mesmo a nossa sociedade vivendo sob constante regramento, cada indivíduo tem o seu tempo próprio, seja ele estabelecido pelo seu corpo, determinando o limite do seu bem estar. Seja pela sua capacidade de tolerar a pressão exercida pelo tempo, ou pela falta dele, ou ainda pela capacidade própria de cada um em absorver informações, de desenvolver-se, de aprender. E essa noção de tempo de cada um, as escolas mesmo cientes que o processo de aprendizagem é particular em cada indivíduo, ou seja, existem diferentes formas de aprender e de que é necessário considerar todo o movimento que o aluno faz nessa direção, muitas instituições e docentes parecem ignorar o que sabem. O texto aponta que após estabelecerem-se estágios para o desenvolvimento infantil, há uma expectativa de desenvolvimento esperado para cada fase da infância, acabou por se estabelecer também níveis de aprendizagem e um padrão a ser considerado como um desenvolvimento normal, classificando as crianças.
O estabelecimento de ciclos, como aborda o texto, é determinante para vivermos de forma ordenada, para uma organização social e particular, para termos ou esperançarmos uma perspectiva com relação ao tempo futuro. Pois de modo geral sempre relacionamos os nossos projetos ao tempo, especificando um ponto de partida e ambicionando conquistas futuras.
O tempo sofre modificações ao longo do seu compasso, entretanto não há como fugir dele, temos a ilusão de temo-lo sob controle, mas na verdade somos por ele rigidamente controlados. Na escola não é diferente, tanto alunos quanto professores somos todos vítimas desse controle e a criança em si, manifesta claramente o esgotamento do seu tempo, assim como também sinaliza quando o tempo estabelecido não é suficiente, mas ainda não usufruirmos de um ambiente escolar que respeite o tempo de todos, pois ainda convivemos com altos níveis de evasão escolar e com uma quantidade absurda de professores afastados ou remanejados por problemas de saúde.

Concluindo, no referido espaço do saber que é o ambiente escolar, no qual se estabelecem metas, objetivos com relação aos alunos, o fato de ter crianças em distintas etapas de aprendizagem não significa que para algumas delas a aprendizagem não esteja acontecendo, sendo que existem diferentes formas de aprender. Defendo o ponto de vista em que o período de permanência da criança na escola deva ser norteado pelo prazer de estar nesse ambiente, pela motivação e alegria, é um momento de construção de significados para a vida, e não pode ser imposto, desconsiderando suas manifestações de descontentamento e até mesmo o seu tempo biológico. Quanto ao tempo pedagógico, os períodos de descontração, de trocas de experiências e de diálogo com os pais dos alunos ainda são reduzidos, cronometrados e regulados pelo calendário, enfrentamos a necessidade de repensar esses momentos, de construirmos diálogos mais abertos estendidos a toda a comunidade escolar, o futuro da nossa sociedade depende desse tempo que deve considerar prioritariamente os anseios daqueles que formarão a sociedade futura.




Referências Bibliográficas

OLIVEIRA, Cristiane et al. Questões sobre o tempo e o espaço escolar. Projeto tempos na escola, UFJF. (Texto fornecido pela Interdisciplina REPRESENTAÇÃO DO MUNDO PELOS ESTUDOS SOCIAIS).

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