sábado, 30 de abril de 2016

Música é vida

          A nossa primeira aula de música nos remeteu a primeira infância, do clima gostoso das brincadeiras de roda, instigando a musicalidade que está presente em cada um de nós, tanto  sonora quanto gestual. Nos colocou a par dos primeiros vestígios encontrados da música na nossa civilização, da importância da música ao longo do nosso desenvolvimento quanto seres sociais, da sua importância desde a vida intrauterina como a identificação da voz materna. Também nos foi colocado os benefícios da música como a plasticidade neuronal, ou seja, da capacidade da música de alterar de forma extraordinária a configuração neuronal, também a ampliação da habilidade e compreensão da leitura através da prática musical, sua contribuição na preservação da audição, dos cuidados que devemos ter com a voz, entre outros. E o que é mais relevante, de que a música é uma característica humana e de que todos nós temos plenas condições de manifestá-la, não importando a idade. 



"Mãe e música confundem-se para a criança, da mesma forma que se confundem mãe e alimento, mãe e carícia. A música é, para a criança pequena, todo o alimento e o carinho que nutrem, gratificam e contêm".
                           Violeta Hemzy De Gainza


            Abaixo segue uma interessante apresentação cronológica das idades pós natais (entre os 4 meses e os 12 anos de idade) com ligações diretas ao mundo sonoro-musical e expressivo:

4 MESES
Imita o canto, mesmo que não atenda à altura ou aos tempos dos sons (Teplov 1969).
Consegue cantarolar sons únicos: como u-u-u-u-u, e-e-e-e, i-i-i-i, o-o-o-o, etc.
Respondem à música com movimentos repetitivos (balanceamentos corporais ou agitação de membros), não correspondendo propriamente à música, pois tratam-se única e simplesmente de ritmos próprios. Estes movimentos não estão ligados à música no essencial, mas sim no facto de eles começarem e acabarem, quando a música começa e quando ela acaba (Moog 1979).
As crianças nesta idade (4 a 6 meses) já conseguem nem que tenuemente distinguir ou detectar as diferenças entre um tom em algumas frases melódicas apresentadas.

6 MESES
Fase em que já começam a entender os sons e a produzi-los, se bem que não são ainda capazes de conseguir estabelecer uma relação de altura exacta de uma nota (Teplov (1969).

9 MESES
Associa o canto ou a expressão vocal a tudo o que faz.
Aparecem as primeiras expressões rítmico-musicais.
Ainda não é capaz que distinguir mais do que uma terceira menor.
Começa a acompanhar canções associadas aos batimentos corporais (bater pés, mãos, pernas, palmas etc.

1 ANO
Consegue imitar sons de animais, transportes, pessoas e outros (Teplov 1969).
Atreve-se normalmente a acompanhar ritmos com o corpo, assim como reage corporalmente à música que lhe aparece (Teplov, 1969; e Gesell, 1940).
Procura uma ligação bem estabelecida (sincronização) entre os sons e o movimento corporal (Francis 1956). Os ritmos mais fáceis de acompanhar são as canções de embalar (Francis 1956).
Pode a criança, nesta fase, cantar um pouco da canção, mesmo sem a perceber (Francis 1956).
Consegue ampliar o tempo, o tom e a intensidade da voz, assim como presta atenção a certos sons, como relógios, campainhas, despertadores etc. (Francis 1956)

2 ANOS
Com prazer imita sons de instrumentos e com facilidade vários sons do quotidiano (Francis 1956).
Reage abundantemente com reacções rítmico-corporais, assim como adora o ritmo pois estimula-a a cantar e reconhece algumas melodias (Francis 1956).
Têm desempenhos significativos em termos de execução instrumentos rítmicos (Francis 1956).

3 ANOS
É capaz de criar uma imagem mental dos sons dados por um instrumento, assim como consegue agrupar elementos sonoros idênticos (Zenatti 1969).
É detentora de um elevado desenvolvimento do senso rítmico e do ouvido melódico (Teplov 1969).
Consegue captar e praticá-la, se bem que canta nos graves e grita nos agudos (Souriau 1962).
Mesmo fora de tom consegue cantar por inteiro canções simples, assim como começa a coincidir tons simples, para além de já não se inibe tanto quando canta m grupo e, salta, caminha. Corre e pula em conformidade com a música e o seu ritmo (Gesell 1940).
A sua capacidade torácica ainda não lhe permite cantar grandes frases musicais, sem que tenham que tenha que recorrer à respiração intermédia (Abbadie 1977).
Acompanha espontaneamente uma música, batendo regularmente uma cadência, ou acompanhando com o bater de um lápis na mesa, ou ainda, marchando na sal de aula. Consegue também reproduzir estruturas rítmicas simples com mais de três elementos (Fraisse 1972).
Conseguem ecoar vocalmente o ritmo em palavras, assim como bater palmas representando fielmente o ritmo padrão depois da sua vocalização etc (Rainbow 1981).
43% das crianças demonstram compreender o conceito de escala, enquanto que 36 % demonstram antes compreender melhor o contexto melódico (Scott 1979).

4 ANOS
A criança ainda não tem uma noção consciente da simultaneidade sonora. Assim como, ainda confunde a intensidade com velocidade, mas já consegue distinguir o mais lento do mais rápido e, apenas faz um acompanhamento intuitivo, ou seja, em perceber conscientemente os tempos nem os reproduzir intelectualmente (Piaget 1975).
Adora explorar o universo sonoro e, já consegue cantar canções comuns, assim como identifica melodias simples e de as dramatizar. Começa a ter um maior controlo da sua voz e tem prazer em participar jogos cantados, se bem que simples (Gesell 1940).
Começa a gostar de cantar para os outros, ao mesmo tempo que aumento o seu repertório, assim como já reconhece todos os sons de uma oitava e, muitas das vezes já canta já dentro do tom (Teplov 1969).
Possui capacidades para que possa já praticar o canto coral monódico. A sua voz já alcança mais notas do que até aqui e, simplesmente ama a música. Uma vez que já possui uma sensibilidade musical bem formada, poderá desta feita, reconhecer e imitar canções com alguma facilidade (Abbadie, 1977;  Souriau, 1962).
Se a música for vivenciada e praticada ativamente, ou seja, cantada em uníssono, acompanhada por palmas ou com instrumentos rítmicos, as capacidades de reconhecimento da mesma num contexto musical diferente, são bem mais facilitadores a esta tarefa (Pflederer 1964).

5 ANOS
Consegue reconhecer o Dó no meio dos restantes sons musicais, assim como notas executadas no piano (Teplov 1969).
Consegue cantar a duas vozes e já é dona de uma sensibilidade musical própria (Souriau 1962).
Gosta de ter um repertório extenso. Já consegue cantar dentro de tom. Está em condições de sincronizar corretamente movimentos, dançar e executar batimentos corporais em conformidade com a música e o ritmo que lhe são expostos (Gesell 1946).
Com instrumentos rítmicos e melódicos para efetuarem experiências a nível de composição, as crianças de 5 anos de idade conseguiram executar sequências diatônicas e tonalidades cromáticas nos xilofones (compreendendo os conceitos de escala), enquanto que os de 4 anos de idade tocavam sons ao acaso (Miller 1986).

6 ANOS
Consegue coordenar o tempo, para que o possa relacionar nas devidas proporções com outros sons e outras unidades de tempo (Piaget 1975).
É capaz de manter frases longas de algumas canções, sem usar a respiração intermédia - devido à sua capacidade torácica (Abbadie 1977).
É capaz de reproduzir e identificar melodias consideradas como simples (Gesell 1946).
É possuidor de uma capacidade de apreensão de um ritmo de 5 a 6 sons (Fraisse 1962).
É possuidor de um alto nível de percepção rítmica. Descrimina com alguma facilidade os sons em termos temporais. Tem relativa dificuldade em comparar elementos melódicos e harmônicos que se sucedam no tempo (Zenatti 1969).

7 ANOS
Já coordena sons simultâneos e sincronizar durações (Piaget 1975).
Interessa-se pelas aulas de música e gosta de instrumentos de percussão (Gesell 1946).
Já é capaz de cantar temas com frases longas (Abbadie 1977).
É capaz de reconhecer um simples esquema de tonalidade, assim como demonstra já capacidades de percepção claras sobre a obra polifônica - melhor nos graves (Zenatti 1969).
Começa a despertar para uma atitude de imaginação musical importante, gostando de interpretar em termos visuais e dramáticos as obras musicais que vai entendendo (Francès 1956).
Consegue sem dificuldade seguir os batimentos do metrônomo (Fraisse 1962).

8 ANOS
Tem prazer em tocar em duo, assim como fazer criações musicais e principalmente de ter assistência enquanto executa musicalmente algo (Gesell 1946).
É capaz de associar com facilidade durações (Piaget 1975).
Adquire uma noção individual de tempo (Fraisse 1967).
Está capaz de se aperceber melhor dos significados das variações de modo e das variações de tonalidade (Zenatti 1969).

9 ANOS
Adora ter o seu próprio instrumento. Está dedicado à prática musical, onde executa com prazer vários legatos e stacatos, assim como se interessa cada vez mais por compositores e pela música convencional (Gesell 1946).
Com facilidade domina as variações de tempo, assim como explora a música polifônica com mais precisão e tem agora uma maior percepção melódica. Identifica e discrimina imediatamente uma mudança no sistema tonal ou de uma mudança melódica (Zenatti 1969).

10 ANOS
Torna-se muito mais sensível à melodia e à multiplicidade das estruturas da mensagem musical, mas ao mesmo tempo torna-se mais inseguro no seu comportamento musical e é relutante nas respostas, se bem que estas estão agora mais controladas (Fraisse 1967).
Progride a olhos vistos, no que diz respeito à discriminação perceptiva das variações de tonalidade. Assim como melhora a percepção dos graves, agudos e do tema na polifonia (Zenatti1969). Já estabelece uma perfeita distinção entre cadência e meia cadência (Imberty 1989).

12 ANOS

Nesta fase consegue reproduzir estruturas rítmicas de 7 a 8 elementos (Fraisse 1967).





Referências:

Site: http://www.filomusica.com
Slide: Musicalidade Humana, 1ª aula Música na Escola, PEAD2016

domingo, 17 de abril de 2016

Xadrez - Uma História de Encantar


                Em concordância com a interdisciplina de Ludicidade compartilho aqui o meu encanto com relação ao "Jogo de Xadrez", na qual estou aprendendo com o meu filho de apenas nove anos, são muitas as possibilidades e os benefícios do Xadrez em contribuição para a educação. Em alguns países esse jogo é amplamente incentivado nas escolas, pois  possui benefícios comprovados, vale a experiência, pois além ser muito interessante e estimulante, realmente aumenta muito a concentração das crianças.

"O xadrez, que surgiu no Sudoeste da Europa na segunda metade do Século XV, é muito mais que um jogo. Como bem definiu o escritor Johann Wolfgang Goethe, há mais de dois séculos: "O xadrez é um excelente exercício mental". Tal frase é comprovada por estudos como o da Universidade de Hong Kong, que provou por meio da pesquisa do Dr. Yee Wang Fung que os estudantes que jogam xadrez têm uma melhoria de 15% em provas de matemática após o início da prática. Na Venezuela, o projeto Learning to Think Project concluiu que até mesmo o QI de uma criança pode ser aumentado por meio do treino do xadrez. Além disso, a pesquisa de William Levy, do Departamento de Educação de Nova Jersey, nos EUA, mostra que o jogo interfere também em questões pessoais, como a auto-estima e confiança."
(site Abril)


Este é um vídeo para estimular a imaginação, para apresentar o jogo as crianças:


Os Benefícios do Xadrez


O xadrez é um jogo de tabuleiro disputado entre dois jogadores de natureza recreativa e competitiva, em que o principal objetivo dos participantes é atingir a peça rei do adversário com um xeque-mate e, assim, ganhar a partida. Para conseguir este triunfo, é necessário utilizar muitas técnicas e estratégias no decorrer do jogo. O desenvolvimento da atividade colabora para o avanço da criatividade e da autoestima do jogador. Por este motivo, o jogo passou a ser utilizado em escolas com intuito de colaborar no progresso da aprendizagem. Conheça alguns benefícios do xadrez e saiba como ele pode ajudar no ambiente educacional.

Vantagens do xadrez
Ao jogar xadrez, o aluno pode adquirir habilidades como:
1. Maior desenvoltura ao tomar decisões.
2. Treinamento do pensamento crítico.
3. Maturidade intelectual.
4. Poder de análise de consequências.
5. Aumento da disciplina.
6. Responsabilidade das ações.
7. Habilidade de antecipação.
8. Aumento da velocidade de pensamento.
Como o xadrez pode ajudar na escola
Pesquisas realizadas apontam que o xadrez pode ser um aliado à educação por ajudar no rendimento escolar e desenvolver a concentração dos alunos. 


Fontes: 
sites: https://www.educarparacrescer.abril.com.br
            https://www.cursosonline.uol.com.b

Ludicidade, Diversão e Práticas Pedagógicas

Conforme debatemos no nosso encontro com a iterdisciplina de Ludicidade, às vezes o professor na ânsia de ver a sua atividade concretizada ou até por receio, na educação infantil principalmente, pois as crianças se machucam muito ainda, acabam por dirigir demasiadamente as ações dos alunos, bloqueando algumas percepções e assim limitando o aprendizado. Claro que a criança precisa de um ambiente propício e seguro, ela precisa ser orientada e vigiada, mas o professor precisa ter um olhar capaz de perceber que a aprendizagem ocorre de diferentes formas, e que cada criança é única e capaz.
A ludicidade em meu ponto de vista é a forma mais inteligente a ser utilizada quando se quer ensinar algo, pois é uma forma eficaz de desenvolver a criatividade, as áreas cognitivas do desenvolvimento, a motricidade despertando o prazer, a interação através de jogos, música e dança. O intuito do lúdico é educar, ensinar, chamar a atenção se divertindo e interagindo com os outros e o ambiente.

Nas práticas pedagógicas a ludicidade está em concordância com o construtivismo, colocando a criança no centro da construção do seu aprendizado, ou seja, colocando-a como um ser capaz e influente na aprendizagem. Quando o professor se utiliza de meios lúdicos para despertar na criança o interesse em aprender, a transmissão de conhecimento flui com mais facilmente, pois a criança aprende brincando, se divertindo, tendo prazer em realizar a atividade. Sendo necessário para tanto um “olhar” observador e mediador do professor a fim de buscar singularidades em cada criança, para da melhor forma despertar o seu interesse, desenvolver suas aptidões e identificar o que precisa ser construído.


"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados, enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem".

                                                                         (Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 3 de abril de 2016

Ver e Olhar

Clique para obter Opções

Muita coisa se pode ver a todo o instante, conseguimos em poucos minutos fazer uma leitura superficial do ambiente ao nosso redor, mas poucas vezes conseguimos "olhar", olhar verdadeiramente, com profundidade. Ver é objetivo e imediato, já o olhar é subjetivo, é uma análise mais profunda, é necessário parar e analisar. Muitas vezes ainda há a necessidade de trocar de lugar, de se colocar no lugar do outro, por exemplo.
Para se ver não há exigências, exceto poder fazê-lo, para olhar exige-se compreensão, exige-se a vontade, o esforço e muitas vezes disponibilidade para abandonar a zona de conforto, abrindo mão de crenças, de valores, de verdades "absolutas". E sendo assim, nem sempre se está preparado para "olhar", seja conscientemente negando-se a fazer ou inconscientemente, simplesmente não percebendo. No entanto nem o nosso "olhar" é necessariamente a verdade, é tão somente o nosso ponto de vista, na qual pode mudar se olharmos de outro ponto, no qual também sofre influência das nossas experiências, das nossas crenças, senso de justiça e sonhos. 
Exemplifico com a famosa frase do teólogo e filósofo Leonardo Boff: "Todo ponto de vista é a vista de um ponto.", presente em seu livro A Águia e a Galinha.
E também com uma célebre frase de Jesus Cristo:"(...)o homem vê a face, mas o senhor olha o coração."(Samuel 16.7)



Referências: CHARCZUK, Simone Bicca. Seminário Integrador III. Sobre o Olhar.