Dentro do contexto medieval floresceu as raízes do pensamento iluminista resgatando os ideais dos conceitos clássicos, revolucionando, por assim dizer, o pensamento da época. A visão de um ser criador e supremo aos poucos foi trocada por conceitos e características humanas. O homem num passo de mágica passou não só a ser o centro do mundo, como também o centro do universo. A concepção de ciência abalou os conceitos da crença e por assim dizer religiosos, o homem controlava o seu próprio destino. Assim como na obra de Cervantes, onde Quixote nos deparou com a moral e o imoral, o certo e o errado, ou seja, com as fragilidades humanas. Entretanto como distinguir o são do insano, até onde a utopia e o desejo de perfeição humana poderia almejar, nós seríamos produto de uma criação divina ou seriamos divinos por nós mesmos? Essas questões foram a base e a essência do pensamento iluminista, que até hoje indagam e atormentam a mente humana.
Até onde o nosso conservadorismo ou nossa visão progressista pode chegar? Até onde pode barrar o nosso progresso democrático? Qual seria o limite para as razões e concepções humanas? O quanto uma democracia criada a mais de dois milênios atrás pode influir em nosso desenvolvimento? Como podemos extrair o que há de melhor em nossos antepassados ou usufruir daquilo que nos deixaram? Qual seria a razão de nossa existência, talvez, acredito, a resposta esteja em uma concepção histórica de nós mesmos.
O filme em questão nos deixa explicito o quanto o radicalismo de nossos ideais, mesmo que democráticos, pode nos transformar em homens involutivos. Contudo, instantaneamente tudo o que acreditamos poderá se transformar num engodo da realidade do que idealizamos. Assim apesar de nossas concepções comunitárias, não podemos negar que nossos valores individualistas tiveram uma incrível significância para o nosso desenvolvimento social, no entanto foi a nossa natureza coletiva que acarretou em notáveis mudanças em prol da nossa sociedade.